12.26.2006

leituras

Em tempos de acalmia nada como uma viagem com Corto, por entre canais e pontes escusas, rumo a vielas perdidas de um labirinto sem fim...

12.14.2006

espaços verdadeiros

Radiante ar o que rodeia aquele espaço idílico em que tudo é verdejante e bucólico, habitação do vitorioso soldado desconhecido.

De belas formas, esvoaça de vestes transparentes que fazem perceber lânguidos movimentos sugestivos. Vitorioso mas cego, antes acéfalo, deixa-se admirar pelo idólatra anónimo sem lhe cobrar o olhar.

Com ele segue a verdade, esse figurino dúbio que se acosta à vida, mas cujo vislumbre limitado é apenas apanágio dos que a levam, sempre com imaculada ironia. De facto, não difere da mentira, experimentada no que se não tem e tantas vezes no que se conta.

A descrição fantasiosa do real não é mais do que o irreal verdadeiro ou o autêntico falseado. Daqui resulta o poder da visão e de ela reconhecer na verdade, a certeza ou a ambiguidade, nunca confirmando as formas para lá dos panejamentos.

Assim é Olívia, essa cidade fantástica em que tudo parece ser e nada é, realmente, como soía.

12.11.2006

colores me gustan a mí


Descentrado revivo num limbo de suspiro e inquietação, ora porque tudo está bem, ora porque algo de diferente se passa no cosmos novo e desconhecido da duplicidade.

Já não sou o que sou, sou o que se é, não fosse ser o mesmo depois de me transfigurar num pequenito ser que vasculha o olhar alheio à procura de respostas, no estranho mundo das pequenas coisas.

50 centímetros e meio depois, revejo-me em sons e gestos que em nada se repetem, mas que pobre imprudente, reverto em sinais de um tempo em que já o fomos também.

É isto, um constante nó na garganta, uma permanente lembrança, um incessante cuidar e um desassossegado marinar horizontal, à espera do próximo titubear encarniçado, não vá o joão-pestana pegar.