1.31.2012

bastardia

Com o passar dos anos tendemos a perder o brilho idealista que nos foi moldando o pensamento e dando corpo aos nossos atos, tornando-nos secos, imutáveis, perfeitos bastardos entre irmãos.
Ouvi esta frase, nestas e outras palavras, muitas vezes. Ouvia-a recorrente pela voz de experientes e bem sucedidos cordeirinhos que, disfarçados no rebanho, foram-lhe toldando o passo conduzindo-o pelo seu caminho mais seguro.
Nunca soube bem como designar essa veia normalizadora e segura que todos querem, nem como caracterizar sequer essa necessidade insana de nos vermos sentados no sofá e ver uma merda qualquer na TV à espera que a vida passe.
Também nunca soube, até hoje, como chamar a essa massa que compõe a opinião pública, feita de ideias preconcebidas, frases fáceis e com vontade de apontar o dedo para logo esquecer, mal novo escândalo o chame à atenção.
Costumava chamar-lhe o país de merda. Hoje, sei que não é assim.
Sei agora que a isso chamarei: a bastardia humana.
São bastardos bronzeados e de cabelo armado. São bastardos entendidos em faladura especulativa, sem fundamento, sempre com base nos que outros disseram. São bastardos os que o dizem, os que o comentam, os que o ouvem e os que o transmitem.
É bastarda a mensagem, o emissor e o receptor.
Sou bastardo, mas tu que o lês também. Não sorrias, estou a falar mesmo de ti.

1.06.2012

um país de claques - maço-quê?

Tal como em anos anteriores, o início do ano é altura da maçonaria marcar a sua existência. Normalmente uma entrevista ao grão aventaleiro faz as honras da casa, mas este ano quiseram primar pela orginalidade: deixar cair na opinião pública a "novidade" de que os aventaleiros são uma claque multifacetada que rema para o seu lado (haverá alguém que se tenha surpreendido com isso!?).

Depois do desaire Fernando Nobre, volta à carga agora em âmbito mais alargado, mas sempre com o mesmo pano de fundo: a assembleia da república, essa instituição em que claques ferrenhas e bem mandadas lançam impropérios doutrinados ao inimigo e em que a frase "muito bem" é primeira entrada do glossário deputóide.

Ainda que com menor frequência, faço parte da claque (sim, também faço parte delas) que passa os olhos na ARtv e que se delicia com os comentários infundados que lançam uns aos outros à espera que os media os transmitam em canal aberto.

Por entre declarações de voto que nada dizem e pedidos de defesa da honra que enterram ainda mais o difamado, é normal pensar que motivos aventaleiros, opus deiences, de cama-e-mesa ou de fruta madura tenham sido factores decisivos para as escolhas recairem sobre essa bela fauna que por lá polula.

Apesar disso, depois de marinar uns dias, lá voltaremos à normalidade entre crises e Cátias Vanessas, bem ao gosto da populaça.