4.24.2012

se hace camino al andar

Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.

Al andar se hace camino
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.

Caminante no hay camino
sino estelas en la mar...

Hace algún tiempo en ese lugar
donde hoy los bosques se visten de espinos
se oyó la voz de un poeta gritar
"Caminante no hay camino,
se hace camino al andar..."

in António Machado, Canto XXIX
dos Provérbios e Canções dos Campos de Costela (1917)

4.09.2012

percebologia ou a boa arte de opinar

De percebologia, percebemos todos!

Veio-me há uns dias à memória, quando passava os olhos pela entrevista à Secretária de Estado do Turismo na revista Marketeer de março.

O eriçamento das minhas barbas trintãs atingiu o clímax na leitura do seu vasto currículo, reflectindo um político de profissão que vive na sombra do seu partido.

Não que o seu passado (e presente) seja definidor de uma veia profissional incapaz, mas por reflectir um contexto pouco dirigido e em que o que vale são os meandros retóricos partidários em que se navega e não as qualificações específicas para o cargo que se exerce.

Percebóloga, terá uma ideia preconcebida da área, mandará umas postas mais ou menos acertadas e muitas outras à água.

Mas, não somos todos percebólogos de profissão? É que todos opinamos sobre qualquer assunto como se o estudássemos a fundo, quer seja sobre bola, sobre política, sobre o que devia ser feito para o bem do país, enfim, sobre TUDO, baseado no que o outro disse, tornando-o nosso.

Os exemplos são imensos, desde os paineleiros de programas televisivos que encontram a verdade num qualquer trejeito de uma figura pública, passando pelo mister que tudo sabe sobre a equipa adversária, até ao bebedor de café que debita o que acabou de ler nas gordas de um qualquer pasquim.

Sem dúvida que todos têm direito à opinião, mas como dizia o uncle Ben: "with a great power comes a great responsibility".

De facto, acho que o direito à opinião é um poder pessoal grande demais para ser desperdiçado em bocas do barulho pouco esclarecidas e deveria haver um interesse pessoal mais generalizado em cada um cumprir o seu dever de se esclarecer antes de opinar.

É que isso de saber de tudo e sair verborreia, isso de se gerir o que não se conhece ou de negar a incapacidade para saber tudo sobre tudo, em suma, isso de ser percebólogo da treta, irrita-me comó caraças!

Mas isso é para mim que percebo das coisas.