8.21.2012

coisas perturbadoras de ler

Perturbador. Foi a palavra que encontrei para descrever "Jerusalém" de Gonçalo M. Tavares.
Numa escrita tipicamente europeia, algo cinzenta, quase preta, é um livro delicioso, de um rigor científico tanto na complexa rede de relações entre as personagens, quanto no enredo que se vai revelando ao longo da(s) história(s).
A edição é da Caminho que, no entanto, não faz jus à qualidade do conteúdo. Nota-se laxismo na composição, demonstrada tanto na rudeza do desenho, quanto no relaxe da paginação. De facto percebe-se alguma incompreensão por parte do editor em encontrar o melhor empacotamento para uma obra de grande carácter.
Se o conceito “livros pretos” é perfeito, a forma como o livro (o embrulho, não o conteúdo) é construído, é rudimentar, incomparável com composições como de “O Corvo” (sobre o qual postarei em breve) da Relógio d´Água ou como os volumes da coleção Clássicos da Cotovia.
A sua sucessiva reedição sustenta-se, quanto a mim , numa força de vendas maior, a da qualidade da escrita e da pujança do enredo.

Obrigatório passar os olhos.

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