2.16.2005

Com a entrada do Outono vão-se os banhos e fica... o chá!

Praia de Banhos por João Marques de Oliveira (1853 - 1927), 1884;

(óleo sobre tela) Dimensões: 46 x 49 cm;

Museu do Chiado (Lisboa);

Assim deveria começar a farpa do Queiroz e do Ortigão, quanto aos malefícios do chá!

Verdadeiramente irados por não mais verem, até ao próximo ano, as inspiradoras vestimentas de banhos das lindas donzelas que à época (1872) se passeavam pela praia, disparam um grito de revolta contra o culpado... o chá!
Acabadas as distracções, é este maléfico líquido o bobo que entretem as mesmas senhoritas que ontem se passeavam à beira mar.
Cá vai o tal manifesto anti-chá!
O chá não alimenta, não estimula, não refrigera, não medica, não embriaga, não tem nenhuma das virtudes que explicam a existência de todas as outras bebidas. Não alegra como o vinho generoso, não alimenta como o substancial chocolate, não esperta como o perfumado café. (...) O chá não tem melhor cor do que qualquer casaca desbotada, nem menos mau cheiro que qualquer outra infusão ou cozimento. Para o poderem tragar, os mais desvairados amadores misturam-lhe substâncias adicionais: deitam-lhe açucar, deitam-lhe leite, conhaque, rum, ou pingos de limão. Dir-se-ia, ao ver prepará-lo com semelhantes precauções tendentes a disfarçar-lhe o sabor, que é óleo de castor ou de fígados de bacalhau que se trata de beber. E, depois de tudo isto, não há ninguém de paladar tão corajoso que possa tragar uma pequena taça de chá senão aos poucos, golo por golo, às colherinhas.
A história do chá não é menos antipática que a cor, o cheiro, o sabor e os efeitos patológicos dessa ridícula droga. (...)
In As Farpas, por Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão. Setembro-Outubro de 1872.

2.15.2005

Os portuenses do Agostinho!

Os portuenses, em 1788, não eram os mesmo de hoje, apesar de agora se viver a era da normalização... Havia, na altura, grande homogeneidade na definição do habitante do Porto, senão vejamos como definia, o Agostinho, as gentes da "Imbicta":

Geralmente falando são os portuenses de estatura mais que mediana, têm a cor do rosto alguma coisa morena, mas animada de um rubicundo agradável, olhos e cabelos pretos, rostos compridos, corpos bem feitos e constituição robusta. Têm a alma nobre, sentimentos honrados e acções civis.

In COSTA, Agostinho Rebelo da - Descrição Topográfica e Histórica da cidade do Porto (...) datada 1788 (...). 3ª Ed. Lisboa: Fernesi, 2001.

2.03.2005

De Burro pelo Nordeste Transmontano



No Verão passado, um jovem citadino [e a sua companhia ocasional, a "Dentuça"] pegou numa velha burra mirandesa, a "Ceguinha" e, durante um mês, percorreu 350 quilómetros por caminhos antigos do Nordeste Trasmontano. Uma viagem romântica, quixotesca, ao velho Portugal, o Portugal das aldeias onde ainda perduram formas de vida singulares... In Jornal Público, 22.01.2005 (Texto e fotos de Pedro Fabião). Bem escrito e sentido! A não perder...

2.02.2005

Abraço Padrão




É um clássico utilizado em ocasiões formais.
Embora generalista, é benéfico e utilizável em todos - crianças e adlutos, homens e mulheres...

O abraço padrão pode significar:

a) Mmmm, gostaría de a conhecer melhor... essas formas são... proeminentes......

b) Parabéns!!! Esta ocasião é muito especial, que seja uma boa recordação para toda a vida! (qualquer que seja - aniversário; casamento; alturas, enfim, intímas e exploratórias....)

c) Ohhhh, grande!!!
Por aqui??
Tá tudo?
Sei que estás vestido bem demais para a festa de bêbados em que nos encontrámos! Pensavas que vinhas para o engate, farrapo? Pois bem, cá vai um abraço para te amarrotar o fato, dessa forma já parecerás um tipo da malta e perderás o pudor em te embebedares até às orelhas!

[Não era bem este o sentido do abraço padrão preconizado por Keating, mas penso que servirá!]

A Terapia do Abraço

A terapia dos abraços, embateu contra mim quando o livro A Terapia dos Abraços 2 de Kathleen Keating veio-me ter às mãos sem o querer, quase como impingido!
Percebi logo a intenção, tornar-me mais humano e mutar a minha carantonha macambuzia de todos os dias, não por estar mal disposto, mas antes por não estar alegre!

Deixemo-nos de desabafos e vamos ao que interessa!

Os tipos de abraços....

2.01.2005

Vox et calumpnia...



A vida sem o som da tua voz não faz o menor sentido!
Sem a tua presença...
desespero neste desterro voluntário em que me escondo
do desejo arrebatador de não mais te largar de meus braços,
de te possuir longamente e sem descanso!
O teu gosto... elixir da juventude e ópio viciante,
cuja falta nos faz cair num vazio.... um vazio igual ao da falta da tua voz!

Delaura a Sierva María in MÁRQUEZ, Gabriel García (1994) Del amor y otros demonios.

(se não o disse, devia...)