1.26.2011

Coisas sobre cafés no Porto V

Cartoon by Drew at: http://www.toothpastefordinner.com

Li algures que os cafés do Porto conjugam memórias de bairro com vivências cosmopolitas. Concordo plenamente, são locais de encontro de gerações, sensibilidades, de vidas sem nenhum ponto comum que por um momento se cruzam, ou que se cruzam pela primeira de muitas vezes.

Como o diz o meu amigo Hugo, George Steiner escreveu algures que a Europa, enquanto espaço quotidiano comum, já existe nos cafés.

O Porto não foge à regra. Aqui, os cafés são locais de debate, de cultura, de vida partilhada, de conversa desmedida, entre mesas onde o que é poderoso e frágil aflora o palato através da chávena e onde a palavra escorre, descomplexada.

1.20.2011

Coisas sobre Cafés no Porto IV (e afins)



Localizada no Cabo do Mundo, a Casa de Chá da Boa Nova, de autoria de Siza Vieira, é afastado do centro da cidade. É um espaço virado para o promontório avassalador que nos mostra a força do mar e a persistência da pedra.
Uma escadaria limitada por muros altos faz-nos subir ao cimo do afloramento rochoso de onde se contempla o inexorável destino das ondas, a costa. Desconcertante caminho esse, não sobe, ao invés, desce, como que submergindo.
À entrada sobressaem os rasgos dominadores que nos mostram o silêncio do mar. Lá por dentro, revestido de madeira, estamos, de facto, numa cabana de praia.
Aqui beberica-se um café com maresia e a introspecção toma conta de nós. É indescritível, nem sequer coragem há de interromper o lânguido encontro das ondas com a pedra.