12.26.2006

leituras

Em tempos de acalmia nada como uma viagem com Corto, por entre canais e pontes escusas, rumo a vielas perdidas de um labirinto sem fim...

12.14.2006

espaços verdadeiros

Radiante ar o que rodeia aquele espaço idílico em que tudo é verdejante e bucólico, habitação do vitorioso soldado desconhecido.

De belas formas, esvoaça de vestes transparentes que fazem perceber lânguidos movimentos sugestivos. Vitorioso mas cego, antes acéfalo, deixa-se admirar pelo idólatra anónimo sem lhe cobrar o olhar.

Com ele segue a verdade, esse figurino dúbio que se acosta à vida, mas cujo vislumbre limitado é apenas apanágio dos que a levam, sempre com imaculada ironia. De facto, não difere da mentira, experimentada no que se não tem e tantas vezes no que se conta.

A descrição fantasiosa do real não é mais do que o irreal verdadeiro ou o autêntico falseado. Daqui resulta o poder da visão e de ela reconhecer na verdade, a certeza ou a ambiguidade, nunca confirmando as formas para lá dos panejamentos.

Assim é Olívia, essa cidade fantástica em que tudo parece ser e nada é, realmente, como soía.

12.11.2006

colores me gustan a mí


Descentrado revivo num limbo de suspiro e inquietação, ora porque tudo está bem, ora porque algo de diferente se passa no cosmos novo e desconhecido da duplicidade.

Já não sou o que sou, sou o que se é, não fosse ser o mesmo depois de me transfigurar num pequenito ser que vasculha o olhar alheio à procura de respostas, no estranho mundo das pequenas coisas.

50 centímetros e meio depois, revejo-me em sons e gestos que em nada se repetem, mas que pobre imprudente, reverto em sinais de um tempo em que já o fomos também.

É isto, um constante nó na garganta, uma permanente lembrança, um incessante cuidar e um desassossegado marinar horizontal, à espera do próximo titubear encarniçado, não vá o joão-pestana pegar.

11.20.2006

Maria João a Preto e Branco


Qual Sebastianista, Maria João surge da penumbra para mostrar-se ao mundo!

Sem querer ser parcial, é bem bonita a petiz, com aquelas bochechitas arredondadas... a quem sairá!?

Cenas de uma crónica há muito iniciada, mas só agora vislumbrada...

11.01.2006

novas do passado

A não perder a reportagem Menina de Dikika, este mês na National Geographic Magazine.

Viveu há cerca de 3.3 milhões de anos no território que é hoje a Etiópia. Os seus ossos fossilizados fornecem pistas valiosas sobre uma fase decisiva da evolução dos hominídeos.

Texto de C. Sloan
Fotografia de K. Garrett

10.23.2006

Q...Q..CO.....COOFF!!!

.... a espinha saiu... intento em regressar já já!

Al alba vincero!

10.16.2006

quando o tempo passa

Quando crescemos, raras vezes damo-nos conta dos anos passarem.
Só quando um acontecimento nos chama à razão, reparámos que já não somos quem éramos, não temos a mesma idade. Somos diferentes, esquecemo-nos dos laivos do passado para os ocupar com a celeuma do presente.
Passam os dias sem nos darmos conta da tal metamorfose.
Os problemas, questões, dúvidas, vão-se esfumando no tempo, à medida que ele continua o seu passo incessante.
Estranho como, por vezes, somos chamados à razão. Uma bofetada de tempo leva-nos a pensar no passado, no que fomos e como somos diferentes.
Talvez seja este o momento da passagem, aquela que tantos receios causam ao comum do mortal: o e-n-v-e-l-h-e-c-i-m-e-n-t-o.
Agora sou diferente. Mais enrugado pelas tormentas e ponderador pela força das vidas passadas, enfrento uma verdade: caminho apressado para a velhice.
Hoje aconteceu o inevitável: fui abalroado pelo peso da idade quando uma mulher disparou a pergunta fatídica: Não foi meu professor no 7.º ano?

A minha cara de pânico parece ter causado mossa, pois replicou um penso, como se quisesse desculpar a pergunta pelo facto de EU estar VELHO e de me fazer descer ao meu lugar.

Parece-me ter-lhe ouvido um sussurro: Pega na bengala oh velhinho! Mas, estranheza dos diabos, a sua presença continuava à espera que lhe dissesse algo sem movimentar um músculo. Replicou depois, qual ventríloquo: A reumática é fodida ah!?

Depois de cerrar os dentes e descobrir a máscara de ferro, com a carquilha à mostra, rosnei: Realmente a sua cara não me era estranha! Enquanto pensava numa chusma de palavras vis para lhe atirar.
Nada mais digno saiu que não frases de circunstância.
Faço então o anuncio público da minha passagem para a outra banda, antes dos intas e dos entas, pareço uma velha alcaparra ao sol.
O período da dor de costas, das insónias, do trabalho desenfreado e da terrífica, da monstruosa estabilidade parecem estar a chegar.

Penso regressar, menos rabugento, dentro de 37 anos.
Entretanto, ature-me quem conseguir!


9.27.2006

sem sal, se fizer o obséquio

de mãos nos bolsos vazios e sem lumes, assim se vai andando, sem tempo, no mundo do tudo cheio de não ter nada que fazer!

sem títulos, sem fala, sem brinco, não se está assim, por cá.

sem maiúsculas e sem pressas, sem nada que dizer, porque perdeu-se a fala na frase anterior, nada se faz, sem se sussurrar um suspiro, símbolo da surdez dos homens.

isto tudo para dizer que a letra "S" sibila e sustém uma posta sem nexo.

9.18.2006

chinesices

Pede lumes.... pede lumes!! Vá lá, não custa nada!

Não peças, não faças isso! Para além de te fazer mal ao miolo, como se pode notar, podem não ter e então é que é, ficas como o tipo que fuma mas não tem lume, qual piada homofóbica de baixa densidade.... Tu vê lá.... não caias na tentação!

- Tem lumes?

- NÃO!

Eu bem te disse! E agora, o que será de ti!? Ah, que vais fazer agora que nem lumes nem amor próprio tens!? Pois é, nunca tenho razão, mas lá está, no final sou eu quem paga as favas! Pelo menos, podias comprar um esqueiro, não caías nas más línguas...!

Pede lumes.... pede lumes!! Vá lá, não custa nada! Ao menos não gastas dinheiro num esqueiro que nem para 1534 cigarros dá!

- Vende esqueiros!?

- Sim! Quale quele!?

- O do Porto!

clinc, clinc, clinc!

- Funciona pelfeitamente!

- Obrigado, quanto é?

- 75 cêntimos pole favole!

- Cá está, boa tarde!

- Obligado e volte semple!

clinc, clinc, clonnncc!

Pede lumes.... pede lumes!! Vá lá, não custa nada!

Não peças, não faças isso! Deixa de fumar... isto foi um sinal divino! A gastar 75 cênt. por cigarro, acabas na miséria e depo........

9.13.2006

abertura de hostilidades

Depois de tempos infindos e malabarísticos em que o passado, o presente, a realidade e a perfídia se misturam numa estranha corrente de vida alheia e própria, novas notas sem interesse brotarão da mente decrépita daquele transeunte anónimo que deambula pelas ruas de uma qualquer Edina.

Já se cruzou contigo, já viveu vidas transviadas e infundadas, já podia ter sido, mas não foi, podia não ser, mas é!

É a mente borbulhante que gira por entre realidades difíceis de digerir.

É a vontade insana de continuar vivo na multidão.

É a vida alheia condensada numa só palavra.

É querer dizer o que não se quer e calar quando se não deve.

É ser verdadeiro na improvável veracidade do momento.

É rai's partam os feixes de energia!

É .... é... é....

É só para dizer que estou de volta....

8.12.2006

Vidas cruzadas

Sentir o torresmo áspero e estival dos caminhos lusos, implica o impacto visual nas matrículas amarelas dos filhos pródigos que a casa tornam.

As festas pululam o interior um pouco por todo o lado, mas o êxodo ruma a sul, ao calor blasfemo algarvio, rumo a mais uma praia congestionada da bela costa.

Que belo exemplo de multiculturalismo se manifesta, por entre pronúncias sibilantes e rústicas, lá sai um vacances aqui, um d'habitud ali e que musical mescla se cria entre o português vernáculo e o francês rebolado, quando se ouve um "Miguel vien pour la barracá, le soleil le queime!"

Ahhhh que bela e bonita a feliz ignorância do pequenismo envergonhado em que vivemos.... lá está, são essas certas e determinadas coisas inexplicáveis!

7.21.2006

teorias (in)fundamentadas


O consumo excessivo de álcool, como todos sabemos, destrói os neurónios, mas naturalmente ataca primeiro os neurónios mais lentos e fracos.

Neste sentido, o consumo regular de cerveja elimina os neurónios mais fracos, tornando o cérebro uma máquina mais rápida e eficiente.

O resultado deste profundo estudo neurológico verifica e confirma a relação causal entre as borgas de fim de semana e o rendimento dos economistas, consultores, matemáticos, engenheiros, advogados, políticos, etc.

De igual modo explica o sucedido poucos anos depois de acabado o curso e contraído matrimónio, a maioria dos profissionais não conseguem manter os níveis de rendimento dos recém saídos das universidades.

Só os poucos que mantêm o estrito regime de voraz consumo alcoólico conseguem manter os níveis intelectuais que alcançaram durante os anos em que eram estudantes universitários.

É uma chamada às armas!!!

Enquanto o país está a perder o seu potencial intelectual nós não podemos ficar em casa sem fazer nada!!

Vamos para as tascas!!

Ocupemos os bares!!!

Vamos beber litros e litros!

O teu governo, a tua empresa e o teu país necessitam que estejas no teu melhor, sem limites para o teu potencial criativo e intelectual.

Corta as tuas amarras e dá o litro!!!

Contamos contigo!

Recebi por mail de J.P.Miranda

7.14.2006

pensamentos transviados xix

Ao invés de certos animais, o homem só se reproduz em cativeiro.

GARÇÃO, Pedro Mayer (1972). Esculápio diz o que pensa. 2.ª ed. Lisboa: s.ed. p. 51.

7.11.2006

7.05.2006

prisões douradas

Deambular pelas expressões e sentidos implica deixarmos sempre um pouco de nós. Mesmo quando tentamos ser imparciais ou isentos, sempre fica a réstia de um contexto imbuído de valores (a)morais que nos impelem a sermos ora condescendentes, ora titânicos.

Esta é a essência humana como a vejo, quando chamada a tomar partido ou a revelar opinião social. Mas será que isso mesmo interessa!? Será que a opinião quanto a factos é, de facto, factual e fundamental para a manutenção do vegetar civilizacional em que nos encontramos!?

Ter, dar, manter um diálogo e uma opinião formada parece ser a base da coexistência. De facto ela não é mais do que limitadora do livre arbítrio verbal que, quando atingido, reflecte a verdadeira essência do caos mental com que lutamos todos os dias.

Ideias, notícias, verdades e conceitos, entrecruzam-se mediadas por descargas de energia que visam manter a ordem. Como se de uma prisão se tratasse, esses feixes impõe uma regra, mantendo a lucidez e a clarividência, apenas ultrapassados em momentos extremos.

Esse caos mental por vezes alcançado, é dúbio: se libertador das correntes sociais, prognostica o pânico, carcereiro da visão plena e livre.

Apesar de sensitivos e pensantes, somos prisioneiros de nós mesmos – do nosso contexto e da nossa verdade.
Temos vontade de ver, vontade de ser, vontade de sentir, mas esquecemo-nos de viver, sem rodeios, o presente.

6.21.2006

memórias partilhadas pela avó

A memória tem destas coisas, a inata vontade de se extravasar sem querer que os segredos inauditos do seu portador sejam partilhados.

Quando vividos flúem sem se aperceber que estão a ser absorvidos por outros, atentos à vontade alheia.

Assim acontece com a avó Micas de que já mencionei a chegada.

De tez carregada e hálito quente, deixa transpirar pequenas gotas que reanimam tempos idos, anos em que os passos ecoavam nas noites solitárias da gélida aldeia que a viu desabrochar.

Por lá, essa tal Macondo escondida, as festas eram em honra de são joão, épocas de folia e de libertinagem.

Porém, para ela, nem sempre foi assim.

Tempos houve em que se escondia entre lençóis incógnitos, amedrontada com a parafernália de sons retumbantes sem fim e com essa estranha visão de luzes incandescentes que teimavam em surgir vindas do nada.

Para aliviar o seu fado vagabundeante e mal quisto pela populaça, deixava-se levar pela mão suave que reconfortava as suas lágrimas escusas.

As festas não são para todos, são para aqueles que têm a quem deitar a mão, dizia, enquanto trejeitos forçados impediam o pingo de verter.

Nada mais saiu senão olhares vagos e miares imperceptíveis enquanto movimentos incontrolados franzem a bochecha casquilha e ternurenta, aqui ao lado.

6.16.2006

pensamentos fundamentados

Na sociedade cibernética, a função principal do ensino passa pela compreensão e relação de dados, em detrimento do processo de ensino vertical que tantas vezes ainda subsiste. A docência no âmbito da inteligência colectiva, tem como fundamento o acompanhamento e a gestão de aprendizagens, permitindo a troca de saberes através da mediação relacional e simbólica.

Do e-business e e-commerce, ou seja, da virtualização das empresas e serviços, passou-se, já ontem, para o e-knowledge, ou seja, para a virtualização do conhecimento, bem patente nas redes científicas e culturais que dão, já, largos passos com sucesso, possibilitando a adequação das necessidades laborais às competências formativas adquiridas.

O ciberespaço, pela sua abrangência e actualidade poderá ajudar a colmatar esta dificuldade de interrelação entre conhecimentos e necessidades do mercado, pelo que a gestão de competências (AdC) em ambiente digital surge como uma potencialidade de balanceamento entre oferta e procura.
A não perder:
LÉVY, Pierre (2000). Cibercultura. Lisboa: Piaget, 181-198.

6.09.2006

alegorias cavernosas

Um dia Mimi acordou e viu que tudo o que havia defendido até aí tinha-se desvanecido. Valores e conceitos mantiveram-se, agarrados ao medo de mudar, mas o mundo era outro, um que desconhecia e que se tinha adaptado a novas ideias e novas formas de convivência.

Esse mesmo, mais democrático, permitia fazer o que se quisesse da própria vida. Nessa manhã, Mimi, infeliz, viu um mundo que desconhecia. Viu uma verdade inegável mas que ela não compreendia.


Nesse manhã morreu Mimi, nasceu Micas Coxa, a avó de toda a humanidade.

5.29.2006

Nomes inusitados

Porto, anos 50, gentes fluíam pelas ruas movimentadas da baixa, guardando, em si, nomes insondáveis, aqui alumiados por essa mesma lâmpada de tungsténio que me dá vida.

Todos originais, fazem parte de um livro de termos de onde retirei esta lista impar de nomes inusitados.

Para vocês, cá vai o top 25 das anónimas celebridades que aqui alcançam a imortalidade.

Gemialde Celeste E.
Hortênsia M.
Leontina S.
Zina B.
Bernardette A.
Maria Georgette B.
Quitéria R.
Zulmira C.
Arlette C.
Ortelinda O.
Azuil G.
Claudemiro T.
Porcina F.
Aldegundes L.
Filinto C.
Balbina G.
Isolete Laura S.
Bertila S.
Judia Morena F.
José Isménio J.
Dorinda S.
Benilde S.
Georgette S.
Leopoldina M.

5.19.2006

Confidências de um transeunte

As representações sociais envolvem-nos sem sequer darmos por isso.

Gente há que nos julga pela aparência, pela profissão, pela atitude ou simplesmente pela sugestão de passados vividos.

No mundo das ilusões, somos confundidos pelo que fazemos. E é ver gente entrar e sair a cochichar pela estranha indumentária que usamos ou pela cordialidade com que tratamos o transeunte anónimo.

Se somos simpáticos, ouvimos, à saída, um piropo sobre a nossa postura descontraída. Se rimos e mostramos empatia pelas dificuldades alheias, somos bafejados pelo estranho aroma do desabafo pessoal.

Toda a gente gosta de ser ouvida, adora que se lhe preste atenção. Porém, um pouco de q.b. é fundamental para que não nos tomem como fonte dos desejos e nos transformem em conselheiros matrimoniais.

Pela idade, também percebemos diferentes métodos de análise psicológica do eu escondido.

Novatos, extasiados por verem alguém diferente no lugar do morto-vivo, dão risadinhas intrigantes e irrequietas enquanto tentam manter uma postura o mais séria possível.

Trintões, tentam uma abordagem cool, não querem dar parte de fraco diante de um igual, tratam-nos pelo nome e entram com uma ou outra palavra mais informal para desanuviar o ambiente.

Entradotes, admirados com a laroquice do receptor, ficam na ponte das palavras, entre um seu e um teu, apalpando terreno enquanto esperam pela resposta, para depois replicar à altura.

E nisto tudo, ninguém conhece o ser por detrás da faceta.

- Gostava de ser assim, sempre com um sorriso sincero...

Mas que raio, conhecem assim tão bem o outro para o dizer de ânimo leve?

Quem sabe se por trás do sorriso não está outro qualquer abestalhado que espera a oportunidade para sorver mais uma ou outra inconfidência?

É que, por detrás da máscara trivial, sou um coleccionador de sonhos, não alheios, mas próprios.

5.18.2006

5.10.2006

pensamentos transviados xviii

Cuidado com as ideais boas e novas! É que as boas normalmente não são novas e as novas normalmente não são boas...

Anónimo

5.08.2006

Floresta do degredo

Um coelho corria pela floresta quando viu uma girafa a acender um charro:

- Óh girafa! Pára de fumar essa cena que te faz mal e vamos correr pela floresta!
Vais ver como te vais sentir muito melhor!!!

A girafa pensa e responde:

- Tens razão, coelho, bora nessa!

Assim, deixou o charro e foi correr com o coelho.

Mais à frente encontram um urso a cheirar cola.

Olham-se e o coelho replica:

- Óh urso, deixa essa merda! Essa treta só te faz mal, vem mas é
correr connosco e sentir o ar puro dentro dos teus pulmões!

De um salto, o urso junta-se aos dois, até que encontram um elefante a snifar cocaína.

- Óh elefante, estás maluco! Dás cabo de ti com essas merdas! Vem connosco correr pela floresta!

O elefante pensa um pouco e resolve juntar-se ao grupo, que metros à frente encontra o leão a injectar heroína.

Mais uma vez, o nosso amigo coelho pára-o dizendo:

- Óh leão, deixa-te de merdas e vem correr...

Ainda falava quando leva uma patada do leão que o põe KO.

Os outros animais revoltados perguntaram:

- Estás maluco? Por que fizeste isso? O rapaz a cuidar da nossa saúde e é assim que se trata o pobre coelho?

O leão, magânimo replica:

- Sempre que o cabrão do coelho toma ecstasy, faz-me correr feito um idiota pela floresta !!!


Enviado por e-mail por JPMiranda

5.04.2006

Novas do passado

Em pleno século XVI, Antonio de Mendoza, nomeado 1º vice-rei da Nova Espanha (1535-1550), envia para a corte de Carlos V uma descrição da história e sociedade dos povos nativos do México, designado por Codex Mendoza (c. 1541).

Este documento ilustrado, guardado na Bodleian Library em Oxford, traça os usos e costumes dos Aztecas desde o estabelecimento de Tenochtitlan, c. 1325, até às conquistas bárbaras de Córtez (1519-21), passando pela formação da Tripla Aliança Azteca.

Combinando grafismo autóctone com escrita latina, foi elaborado por nativos sob a direcção de anónimos frades, com o aval do bispo do México - Juan de Zumárraga. Relata aspectos quotidianos da sociedade mexicana, incluindo dados políticos, militares, etnográficos, dando uma imagem global do dia-a-dia dos indígenas.

Dividido em três partes, o manuscrito é considerada a pedra de roseta da civilização Azteca.

4.30.2006

Raise bitch, a new age has began!

Norma de conduta social, moralidade repartida, fervorosa fé. Definições redutoras e, para mentes menos zelosas, desactualizadas desse maço encadernado definido por bíblia.

Novos tempos, vontades diversas, nova norma, exige uma reestruturação do livro para que as massas o possam entender, vede como:

Reescrever o manual de procedimentos requer paciência e vontades inusitadas de que apenas algumas formulações mediáticas são detentoras. O 4º canal da TV da Árvore dos Estapafúrdios tem tudo isso: casos de vida, ensinamentos sexuados, moralidade desviante e até algo de sadomaso rosa choque, que alcança shares de fazer inveja ao tipo dos pregões aos peixes.

Pois então, palavra puxa palavra e a ideia surgiu: nova era digital merece outro livro de cabeceira, formato actualizado, pentateuco desconstruído, salmos hard core e evangelhos recauchutados, para uma melhor leitura. Proponho, até, uma formulação em rima simples, para facilitar a compreensão de rapers e afins.

Por isso exorto à criação, levantai-vos e abraçai a causa, uma Nova Era começou!

Begone and create a new square book, were people can see the suffering and feel the pain, eating pop corns and drinking cola in the chesterfield!

For me, a bottle of rum will be fine, bitch!
ideia: miguel s
3ª de mão : kiko
criador da expressão bitch: cavaleiro dos nimbelunguen

4.26.2006

32 anos depois

A revolução saiu à rua, exigiu direitos e deveres igualitários, verteu lágrimas de alegria por ver-se sobrepor à tirania e desvaneceu lentamente enterrada num qualquer sofá, de comando na mão.

O sonho esvoaçou entre iguais, tentando sobreviver contra vontades inauditas e escusas. É a sede de poder, o conformismo do sonho fácil, a competitividade, o motivo pelo desvanecer de uma fantasia.

Era um sonho de vida, colectivo, imberbe e incapaz de calculismo político. Era um devaneio de futuro, prognosticando a força da voz e o poder das massas. Era uma quimera de felicidade, pensando no bem comum e na possibilidade de igualdade. Era uma ilusão verbalizada, clamada, carpida, por tudo o que tinha ficado por dizer.

É um sonho adiado, individual, introspectivo e confortável, incapaz de manifestar a discórdia e a divergência. É um devaneio sem futuro, prognosticando o vazio social, a manipulação das gentes, o poder da retórica sobre a verdade. É uma quimera silenciosa, sibilante e esquiva, sem capacidade para se fortalecer, minada à partida.

O poder do sofá é avassalador. O crédito permite mais um upgrade à parafernália de maquinaria que nos torna mais sedentários e inertes sociais.

Temos outra vez o pão e o circo, o fado e o futebol. Tudo para nos fazer viver uma realidade perpendicular à verídica, sem precisarmos de nos alterar.

Temos a mordaça, temos a censura, temos a mesquinha inércia.

Temos tudo o que sonhamos, tudo roda à volta do poder do povo, faccioso e maleável, ao sabor dos dotes do orador e do grupinho politizado a que pertence.

Temos tudo, uma vida de sonho, irreal, paradisíaca, etérea e acomodada, vazia de conteúdo e de palavras.
Temos tudo, idealizamos uma realidade igualitária... mas vivemos um pesadelo manipulador.
Temos tudo, menos o sonho.

4.24.2006

Meia branca

A bela meia branca é uma instituição em Portugal.

É ver o lindo sapatinho negro, de pala, com a meia de desporto a reluzir por entre o vinco impecável da calça de fazenda.

Era esta a minha visão da mítica luva ortopédica vulgo pé de gesso até que deparei com o contrário:

Bela tarde de sol, na sua zundap, vejo o zé povinho com a sua calça rosa coçado e meia preta!

Ora, com o seu blazer branco e calça rosada, nada melhor que uma meia branca a combinar com o blazer, já o preto destoa.

Lá está nem toda a meia branca ofusca, nem toda a preta reluz!

Não é um provérbio lituano, mas serve para o gasto!

4.21.2006

Dias memoráveis

Há dias e dias.

Uns, taciturnos e iguais a tantos outros passam sem se perceber qual o seu verdadeiro sentido.

Outros, divergentes de tudo o que até aí já se sentiu, ficam para sempre na memória e no coração. Não que se pretenda embrulhá-los ou guardá-los, mas porque a nova é tão forte que não há forma de lhe fugir.

É um misto de ternura, alegria extrema e receio pela possibilidade de não corresponder, de não acertar, de não ser como pensamos ou de correr de forma diferente do que idealizámos.

A postura muda, as palavras começam a ser escolhidas, os dedos teclam, apagam, rescrevem, corrigem e voltam a apagar para depois voltarem a sair não tão puras quanto queríamos, mas como as podemos extravasar.

Dias há que nos deixam nesta corda bamba de emoções fortes, sem saber o que dizer mas com a certeza do que sentimos, sem as palavras certas mas com as emoções à flor da pele.

Ontem renasci, contigo deixei de ser um qualquer Quiosk num projecto ainda não realizado, passei a ser Kiko, sem rodeios, numa locomotiva em movimento.

Mas deixa, em Dezembro falamos melhor!

Entretanto este que te escreve sou eu, sem tirar nem por!

4.19.2006

Recuerdo da mouraria

A pedido de inúmeras famílias, cá vai um recuerdo mourisco.


A árvore quando está a ser cortada, observa com tristeza que o cabo do machado é de madeira.

Provérbio Árabe

Voltei mas não trouxe recuerdos!

Gente há que gosta de se evidenciar pela inusitada aparência fantástica do que constrói.

Daí a conseguir a imortalidade vai um passo de gigante...

Já a chacota, é a mesma distância que separa o rabo, da feze quando à caçador!


Photo by: Sofia D.

Location: Açores, Ilha de São Miguel.

4.07.2006

E lá vou eu outra vez!

Vou-me, mas volto!


Entretanto, andarei por aí camuflado, incógnito serei o tipo do gorro laranja e gabardina, pronto a atacar o transeunte incauto.

4.05.2006

A boca do barulho

Apesar de afónico, nada melhor que uma boca foleira para acordar vontades!

As mulheres são as primeiras a analisar outra que passa! Se assim não fosse, como se explicam olhares trocistas e invejosos pelo deambular estonteante de outrém!?

Também o contrário acontece: homens babosos com olhares fixos de luxúria, pela passagem alheia!

Onde se fixam, então, os olhares?

4.04.2006

Espaços duplicados

O ser e a sua imagem reflectida não são o mesmo, são ambíguos e díspares, impossíveis de se igualarem.

Quando visionada, a imagem vive da aparência, da falácia, da vontade de espelhar desejos e não realidades. Porém, visionada pelo frio clarão, tudo se simplifica, máscaras caem, deixando ver rugas, tristezas, lágrimas, sorrisos, verdades. O espelho tem esse dom, o de purificar imagens.

Contudo, a veracidade não nos preenche completamente. Por isso, transfigurou-se o reflexo para que deixasse de contar histórias e passasse a viver das estórias mal amanhadas que a tentação conta mas que a certeza desmente.

Por sua vez o reflector fidedigno, ameaçado pelos constantes upgrades reflexivos, começa a transmitir visões incongruentes, ora pintando cabelos brancos, ora alteando bustos, ora torneando pernas.

A simetria do encanto não é, por isso, validada pela imagem, esvai-se à medida que a ondulação circular vai definhando o reflexo, deixando vislumbrar a realidade.

Valdrada não é, portanto, nem espaço, nem singular, é antes o ser e o seu reflexo.


3.27.2006

Espaços aparentes

A urbe tresanda de vida!

Pessoas atarefadas cruzam-se sem nunca desviar o olhar. Os passos sucedem-se sem saber o destino. Sempre determinados não vá alguém estar atento.

Corredios, não param para descansar nem sequer para saborear os aromas ora acres, ora doces, ora incipientes que se sucedem. Gente improvável atravessa-se em caminhos ainda mais duvidosos e ninguém pára para olhar.

Desejos escondidos passam por nós sem sequer lhe sentirmos o rasto, vontades inomináveis escondem-se por detrás de máscaras que não vemos. Os vultos sim, sentimo-los, por vezes provocam calafrios lembrando-nos que alguém menos insignificante merecia um relance, mas a pressa não o permite.

Figuras amontoam-se à espera do mesmo: de uma lufada de vida que os leve dali por um passadiço perigoso, dando alento à inspiração.

Triste congénito, vazio natural, ávido por vida, coabita no imaginário de pensadores, resiste à força do tempo, sobrevive, dia após dia, ao mesmo desígnio de ontem que será, quem sabe e se deus quiser o de amanhã.

A luxúria vive lá dentro. Inglória, tenta furar por entre valores morais e éticos, bem definidos, que não podem ser quebrados.

A alegria, manifesta-se efémera, rasgando, de quando em vez, por entre as barreiras do pudor e da decência.

A verdade, débil, persiste por entre silêncios e vontades inqualificáveis que ninguém tem coragem de verbalizar.

Nada perdura no mundo real. Cá dentro, é outra coisa! Nestes espaços interiores, a vida vive, alegre, luxuriante, verdadeira, sem receios de ser quem é!

Cloé é vazia, aparente. Fantasmagórica subsiste numa esquina perto de si!

3.26.2006

Mudanças intergalácticas

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
(...)
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

por Luís de Camões

via-se...
vê-se...

3.22.2006

Mais outro pensamento transviado

Há dias e dias...

Dias que demoram anos, séculos resumidos a minutos. A vida rola, sem pensar nas horas intermináveis que insistem em se recriar e subsistir, por entre vontades e desejos que se apagam, num segundo!

Como diria alguém que pensa a realidade humana: É do caralho meus senhores, é do caralho!

3.17.2006

Pensamentos transviados xvii

Lânguida, voluptuosa e luxuriante. Assim é a devassadora de almas.

Gosta de si. A Filáucia, palavra que melhor a define, confere-lhe uma faceta oferecida e vistosa. Não é uma mulher habitual, não é belíssima, mas tem um sex appeal inexplicável que conquista todos os que com ela engraçam.

Com tenras 16 primaveras é já centenária em memórias partilhadas e secretíssimas, que lhe dão uma aura de misticismo apelativa ao paladar. Guarda histórias inusitadas, sobrevive a cochichos pela sua passagem altiva, rejuvenesce, todos os anos, como se fosse imortal.

Vive do mito, da crença, é o que nunca foi e adorada por quem já com ela não priva, transmitindo um estranho sentimento de alegria melancólica e contagiante quando pensada ou transmitida.

É autêntica, tirana e velhaca, diz o que quer sem rodeios mediando as relações com a sua autoritária presença.

É usada por quem mais lhe quer bem, excomungada pelo azedume de conversas mal acabadas e acarinhada por todos os que a dividem.

Personifica a loucura. Extasiante e frenética, irradia charme e malícia, devorando vontades e desejos à sua passagem.

Cuca vive da lembrança e dos actos, pujante e latente. É memória recriada e construída.

3.14.2006

Espaços subtis

Estranhos espaços os que habitámos! Como se estivéssemos confinados à presença assídua de uma gaiola geográfica que nos imprime uma estada.

Somos, por isso, o reflexo de um contexto, antes, de um estado de graça colectivo que nos indica uma conduta, um rumo a seguir. Como se não tivéssemos direito a opinar sobre onde, quando e como trabalhar o nosso destino.

Moldados pelos que nos rodeiam, vivemos um mundo concreto, num espaço designado, com barreiras mentais profundas, aplicadas a nós e aos que connosco vegetam.

Três vezes realidade é o caminho que o grupo nos indica.
Vives aqui, com isto e aquilo e sem mais aquele objecto porque não é para ti, é para o outro!

Designámos pertences e sentimentos como se fossem todos iguais, quando não se aplicam, damos-lhe um exemplo prático e torna-se, desde logo, parecido com, logo, explicado.

É explicado, logo existe!

Tens fé, logo pensas no bem comum!

Acreditas no milagre, logo és crente!

Tudo é real e toda a explicação é válida, mesmo que o fenómeno não esteja explicado.

A irrealidade, não tem espaço, não existe, não pensa, não vive! É a estultícia de que falava Erasmus e quem a elogiar, não é estulto, é estultíssimo!

Então, se fomos designados para determinado local, não teremos nós o direito libertário de sermos irreais, de idealizarmos, de vivermos algo que vai para além da prisão última que é a consciência!?

Voto contra o destacamento por conveniência, dos lugares onde se vive!

Voto na liberdade de não existir!

Voto pela qualidade da vida irreal e da possibilidade de voar sem levantar!

Exijo viver como quero, sem paredes e sem ser obrigado a seguir o bom caminho que nos leva à velhice!


Assim se vivia em Armilla, antes de ser destruída pela vã lucidez da humanidade.


3.13.2006

Pensamentos transviados

O movimento blogueiro é realmente interessante!

Leva-nos a viajar por outras realidades que, qual necessidade voyeurista, nos faz conhecer outras pessoas sem as vermos realmente e conhecendo apenas a sua melhor máscara. É o que alguém designa por amigo virtual!

Lemos e comentamos a sua actividade periódica, sentimos necessidades, vontades e desejos escondidos por entre palavras, tantas vezes, inusitadas.

Noutros casos, ao viajar por mundos diferentes, criámos resistências por se dedicar a interesses diversos dos nossos, impedindo-nos de comentar e de voltar.

Porém, outros há que, apesar da pertinência e extrema generosidade, apresentam-se desprovidos de comentários, apesar de serem estes os que necessitam de maior atenção.

Falo do blog P'los Animais, cujo número de comentário é, em média, reduzido ao número redondo que nada diz.

Talvez reflicta o quanto desconfortável é ver a miséria humana na sua faceta mais original: a do desprezo para com outros seres semelhantes, de carne trémula, cujos direitos são semelhantes aos nossos, mas que, tantas vezes, são considerados inferiores.

Talvez reflicta uma vontade de viver realidades cor de rosa, sem pensarmos na nossa realidade insana.

Talvez reflicta a insensibilidade que, pelos mass media vemos, todos os dias, enquanto mastigamos mais um chocolatito vendo o mundo esvair-se lá fora.

Há tempos, postamos algo sobre o parasitismo humano... realmente confirma-se.

Não se enganem, ele começa em mim!

3.10.2006

Espaços apalavrados - reloaded

Espaços apalavrados, imaginados ou mimetados, todos eles têm o valor que lhe queiramos dar!

Uns, sob a forma de caracteres, propiciam a descodificação, outros, gesticulados, são interpretados segundo os olhos que o bebem.

É que a mensagem que todas as coisas emanam, reflecte uma ideia, transmitem algo, não que ela seja inteiramente a mais correcta ou verdadeira. Por vezes, mensagens há que transmitem um valor errado outras, na sua inverosimilhança, enviam o sinal correcto.

É o tal sinal tresmalhado que enviamos nos momentos piores e que é inacessível à massa. O mesmo que, no discurso, permite perceber anseios e vontades escondidas por detrás de palavras inauditas, essas mesmas que, por ventura, estão por detrás no monitor.

Assim é Hipácia, a cidade irreal, em que tudo tem um valor simbólico, nenhum valor factual.

3.03.2006

Espaços esquecidos

Zobaida é uma cidade tanto fantástica quanto fantasmagórica.

Feita para ser um labirinto da luxúria tornou-se, com o tempo, numa pálida imagem do que foi quando idealizada.

Tal como esta, a vontade de reviver é tão pujante que os limites para a sua reconstrução são facilmente ultrapassáveis.

Neste processo de passagem de obstáculos há recordação viva, esquecemo-nos que o passado não se repete, ou antes, repete-se, por vezes, mas segundo novos padrões, deixando apenas uma pálida imagem do que foi e, por isso, impossibilitando o retorno da tal emoção à tempos sentida.

Neste processo reedificativo, desvanecem sonhos, azedam desejos, aligeiram-se vontades. Permanece apenas a sensação de vazio e a certeza da frustração por não voltarem outros tempos memoráveis.

Assim nasce o esquecimento.

3.02.2006

Espaços apalavrados


Do gesto à palavra vai um processo de aprendizagem da verbalização de um acto.

Permite ramificar ideias, comparar e discutir, mas inviabiliza a pureza da comunicação e a duplicidade do que é dito, pois aos gestos correspondiam vários ideias, às palavras - a dureza da honestidade e a sua (in)compreensão.

É que as palavras têm o dom de limitar a imaginação, dão-lhe balizas.

Quando não utilizadas, permitem uma maior veracidade. É como se o silêncio fosse de ouro e permitisse o entendimento pleno do que foi expressado e do que podia ter sido dito.

Porém, quando nos limitamos à construção frásica, condensamos sentimentos, vontades, dúvidas e gestos à rudeza de um símbolo, ou conjunto deles.

Digamos que a escrita esgota sentidos, enquanto que a não comunicação abre valas para o desconhecido.

Contudo, o som organizado também se esgota. Desta feita, a única opção lógica será comunicar verbalizando o que é pretendido de forma mais ou menos aclarada.

Trata-se de um ciclo vicioso o de apalavrar sentidos, que acaba na monotonia e recomeça na esperança.

3.01.2006

Qé que estás dezendo!?

- O mito é um modelo arquitepo.
- A questão começou a aparecer, se a Terra não fica no centro, como é que podemos ser inseridos na nossa nova Terra?
- O mito é uma realidade extremamente complexa que pode ser aportada e interpretada em prespectivas mílipicas e complementares. O mito porcura maneira de dar sentido ao que se não compreende.
- Com a teoria de Descartes é que apareceu a moeda, a escrita e o calendário, tudo baseado na razão.
- (...) ou seja, se um terramoto destruisse algo, o homem diria por exemplo que era um Deus que o estava a punir por trabalhar pouco, e todos trabalhavam muito mais.
- A importância do contributo de Freud para o estudo do homem é que ele estudou a consciência do homem ou seja psíquica do homem. Ele diz que o universo é una universal.

2.24.2006

Espaços memoráveis

A memória é volátil, altera-se com o passar dos acontecimentos.

Deambula por entre factos e contextos e é mutável por eles mesmos. Tantos por uns que se lhe sobrepõe em importância social, quanto por outros mais confortáveis para a evolução da civilização.

Quando pessoal, a memória esvai-se com o tempo. Porém, quando colectiva, mantêm-se para além dos intervenientes e das vontades, esfumando-se ora quando saturado pelo manuseamento, ora quando tornado irrelevante ou obsoleto pela pertinência.

É uma forma estranha a da lembrança. O que vemos é nosso, não é o que foi e nunca tornará a ser o que era, contudo, mantêm-se inalterada em momentos virtuais, ainda que irreais na materialidade.

Interessante o processamento da memória, sempre selectivo, tanto para a permanência, quanto para a dissolução na bruma cerrada do tempo. Ideias, pessoas, vidas pululam o próprio passado, mas essas mesmas são efémeras. Apesar de deixarem um rasto de vida, esvaem-se pela calada, quando ansiamos pelo seu regresso.

Eufémia é assim, esquece a memória que a criou, contorce-se com a catadupa de acontecimentos que a originou e reformula-se com o presente visível, ilusório, em que vive.

2.22.2006

Qué que estás dizendo!?

Perlustrando patética petição produzida pela postulante, prevemos a possibilidade para pervencê-la porquanto perecem pressupostos primários permissíveis para propugnar pelo presente pleito pois prejulgamos pugna pretárita perfeitíssima.
Enviado por JP Miranda

2.21.2006

dilemas existenciais

a minha rua tem paralelepípedos feito de paralelogramos.

seis paralelogramos formam um paralelepípedo.

mil paralelepípedos formam uma paralelepipedovia.

uma paralelepipedovia tem mil paralelogramos.

então uma paralelepipedovia é uma paralelogramolândia?

Enviado por JPMiranda

2.20.2006

Pensamentos transviados!

A boa caricatura é a auto-caricatura, uma vez que é a única incapaz de ferir susceptibilidades.


MESQUITAS, Grande (O). (2006). Conversas matutinas. Porto: Ed. Ribeira, p. tantas (adapt.)

2.15.2006

Corrente de cuscos!

Cu(s)cando um pouco sobre mim por solicitação imperial , cá vou eu , quioske, impessoal e intransmissível!

5 traços de personalidade

- Ideólogo (as postas brotam mas não passam de pescadas);

- Lamacento (uso sempre as palavras erradas para dizer o que quero);

- Positivista (vejo sempre o lago positivo da coisa, mesmo que seja muito má);

- Curioseiro (gosto de saber tudo o que se passa à minha volta, menos aspectos pessoais);

- Alternativóide (sou como sou, diferente, se não gostam das minhas calças brancas com bolas rosa choque, tanto melhor, menos um que tenho de aturar).


5 hábitos estranhos

- desifecto sempre a sanita antes de me sentar, quando não posso, não sento;

- amontoou papelada por todo o lado e de anos há (ou à!?) muito idos;

- deixo sempre (ou quase) o melhor para o fim;

- acabo no último dia, à última hora, 1 minuto antes da data limite;

- quando estou nervoso, coço a orelha como se não houvesse amanhã!

2.14.2006

Teorias profundas

A caminho da labuta, em conversas animadas pelo sono que desprega tarde as pestanas, cedo os elementos nos presenteiam com um perfume acre acastanhado.

Começa, então, a congeminar-se uma teoria explicativa do observável, antes olfactável: o cheiro a merda!

Digo para comigo que o problema é da chuva, ou melhor, da falta dela, é que as fezes a caminho da estação de tratamento vão resvalando na tubagem, como não chove, vão deixando resquícios à sua passagem!

Ora com o acumular dos arranhões e com a falta de água, vai-se libertando, progressivamente, o dito aroma.

Bom, tudo pareceria verosímil, se a Gaja Boa não tivesse, logo de seguida, replicado nos seguintes moldes.

Manifestou ela alguma estupefacção pela minha teoria parcamente defendida é que, de facto, o problema não tem a ver com a chuva ou falta dela, ao invés, está relacionada com a ingestão de poucos líquidos por parte da população.

É que como não se molha, mas gela-se, as pessoas têm menor vontade de ingerir líquidos e mais para comidas quentes, logo, de maior grau de dificuldade digestiva.

Portanto, defecam bananas com casca em vez de o fazerem sem ela.

Com o tempo e com o percurso, vão deixando esses tais resquícios que, com o acumular dos ditos arranhões, vão aumentando o valor nutritivo do aroma em causa.

Ora, se chovesse, era outra coisa, mesmo que a lasca fosse rija, a água amolecia-a, não permitindo tal concentração nas tubagens.


Como é bom utilizar o método científico antes do pequeno almoço!

2.11.2006

Wondering Wondering hopeless Dawn

Mais uma passagem pelo estreito, o meu barco de pesca range com mais persistência a cada nó de impeto somado... a pesca está fraca, mas não me importo. Neste mundo de insólitos e indignos, brilho em cada porto, quase elevado ao estatuto de celebridade nos sorrisos e no trato, e pergunto-me se serei digno. A aura de aventureiro, de prescutador de segredos inusitados, navegante das alvas argos aladas persegue-me em cada olhar, em cada mordomia e protocolo coloquial, e pergunto-me se serei digno...
Resta-me o conforto da verdade da minha veracidade, trato o peixe acima de mim, e hoje a pesca nem foi má... acho que já me sinto melhor. Insólito? Talvez. Indigno? "Not in a million years!"

"Out here in the perimeter there are no stars, out here we are stoned, imaculate."

Ni!

2.06.2006

Dupla personalidade


Continuo a não compreender!
Nuns às bolinhas, noutros liso;
À esquerda ou à direita;
Verde ou preto;
Arial ou Book Antigua!?
Como em tudo, há sempre uma outra máscara que podemos colocar. Após longos dias de postagem tripla, o Quioske ganhou vida própria e aparece com o vestido que melhor lhe assenta.
Bem haja amigo Quioske por tal altruísmo!

2.05.2006

Placa giratória

O brasileiro radicado na Suiça senta-se ao meu lado: - Pô, aqui sozínhus... fodê, melhó bebê juntos..." o silêncio do meu sorriso admite aquilo, tal como o olhar lânguido do barman do hotel ao polir um copo, silêncio só quebrado pelo martelar de uma sinatrada ao piano.
Mas logo a matraca baiana dispara temas como trabalho, surf, batucada, "pô" praqui, pô, fodê pra lá, as frases atingem-me como um martelo pneumático no asfalto da minha alma já amaciada pelo fluir de "finos" sem conta, tão sem conta que nem o barman sabe já em quantos vai, talvez por isso só me ter cobrado dois, e depois sou eu que estou bêbado. Bah, acho que na realidade ele curtiu-me, do género, "caralho, este gajo bebe, e diz umas merdas"... agora, que merdas, não me lembro. Os minutos seguem-se ao ritmo do swing e das jolas, até que num repique, a bateria baiana, sem nunca perder o compasso, penetra nos meandros da identidade, da pertença, das raízes, e aí desperto, e reparo pela primeira vez neste indio de tez escura, de olhar despreocupado, mesmo quando refere as coisas deveras introspectivas, neste viajante, que apesar da distancia cultural e vivencial, desenhou a ponte que liga todos os seres vivos... lutar por uma existência que se resume a conquistarmos um espaço onde somo desejados, queridos, não julgados e amparados, o espaço a que possamos chamar lar.
O músico arruma o estaminé, o brasileiro não pára, volta ao "surfi", ao samba. Nesta placa giratória de gentes espero o momento de ser catapultado para mais um destino, mais um fado.
Mando vir mais uma cerveja... a segunda, pelos vistos.

Ni!

2.02.2006

Declaração pública

Em virtude da declaração pública do dia de ontem referenciada como "p-u-t-a q-u-e o-s p-a-r-i-u" vimos por este meio fazer um pedido público de desculpas à blogger pelo referido.

Uma vez que o layout se mantém com a mesma codificação, apenas maçariquices pessoais poderão ter despoletado tal mal entendido.

Pelo sucedido, retracto-me do que foi dito, agradecendo os comentários expostos e os votos de confiança inclusos, mordiscando até, uma tentativa gorada de sublevação popular ao designar o sistema virtual em que nos colocámos como, passo a citar: É o fascismo pá!.

Uma vez que conhecemos as tentativas anárquicas de levantamento de rancho da dita blogueira, vimos, desta forma, alhear-nos das suas intenções malévolas de fazer rebentar um motim contra o bem-aventurado (cujo nome não podemos mencionar).

Começamos, pois, a considerar a hipótese já levantada pelas entidades competentes, de estar a ser urdido um conluio entre alguns elementos subversivos, com vista a fazer alguns inocentes postadores se rebelarem contra a situação.

Passo, pois, a mencionar alguns desses malfeitores que, na sua intolerável pertinácia, insistem em ultrapassar as reais determinações emanadas para o bem comum da nação.
São eles:

bugo hrito - ancião japonês (antigo soldado da II GG, escondido nas florestas do monte Fuji);
avin - judeu ultra-conservador (os seus cachos de cabelo colados ao chapéu, dão-lhe um ar jovial e respeitoso, porém, esconde a sua faceta de apostador compulsivo. à noite, é considerado o maior especialista em corridas de camelos em feiras populares);

farael - extremista palestiniano (fakir malabarista, gosta de dormir apoiado numa só perna);

jlack bak - sueco pacato (tem estranhos hábitos flatulênticos, de intensidade extrema - muito perigoso);

roonj_mita - turquemenistã anarca (fugitiva em paradeiro incerto por ser responsável pelos rebentamentos no gasoduto europeu);

emia - finlandesa de carrapitos (líder do grupo radical cinzeiro luminoso);

calegius - russo boiardo (perseguido pelos mencheviques quando da revolução, vive, actualmente, disfarçado com uma cabeleira loira, postiça);

aonsfalto - islandês ressabiado com o frio constante que sente em tais latitudes;

danpora - paquistanesa ninfomaníaca (ganhou esta faceta por só ter conhecido homens de bigode, confirmadores das más línguas que por aí se dizem)

tiguel merceleiros - português barrigudo e luzidio (pelo excesso de enchidos e de vinho carrascão, apresenta-se como um possante português de bigode retorcido);

sepe pantiago - nepalês aparentemente calmo (responsável pelo assassínio da família real nepalesa, é louco pela auto-flagelação);

drefdy - tirolês eremita com dupla personalidade (sempre quis ser um pinguim, para poder voar);

navaleiro que diz ci - marroquino pescador sibilante (faz todas as semanas a viagem pelo estreito de Gibraltar, é mau pescador mas rico comó car....).

Quem os identificar, por favor contacte as entidades competentes no sentido de não importunarem que, na sua inocente perspicácia, pretende dominar o mundo.

1.25.2006

O que se diz por aí!

M473M471C0 (53N54C1ON4L):

4S V3235 3U 4C0RD0 M310 M473M471C0.

D31X0 70D4 4 4857R4Ç40 N47UR4L D3 L4D0 3 P0NH0-M3 4 P3N54R 3M NUM3R05.

C0M0 53 F0553 UM4 P35504 5UP3R R4C10N4L.

540 5373 D1570, N0V3 D4QU1L0...

QU1N23 PR45 0NZ3...

7R323N705 6R4M45 D3 PR35UNT0...

M415 L060 C410 N4 R34L 3 C0M3Ç0 4 F423R V3R505 D3 4M0R C0M R1M4 ...

0U 4T3 53M R1M4 N3NHUM4!

Enviado por J.P.Miranda

1.24.2006

Pensamentos transviados

Ora um sistema criado com espírito de infalibilidade e rigidez, perante tal estado de coisas, ou havia de transigir ou de cair - e de ambas as maneiras a perda era inevitável, pois transigir era já negar a sua própria razão de existir. Transigindo na execução mas não na essência, tornou-se paradoxal e o sistema caiu pelas duas vias.


TENREIRO, A. Guerra. Douro: Esboços para a sua História Económica - Conclusões. Separata dos Anais do IVP. Porto: IVP, 1944. p. 32.

1.20.2006

Conversas em família

Diz o mano:

Dizem que a profissão mais antiga do mundo foi a prostituição.

Não posso concordar. Até porque não havia dinheiro quando a vida em sociedade começou e, se para o homem bastava dar com uma moca na cabeça da mulher e arrastá-la para a sua caverna, porque carga de água haveria de pagar?

Dizem então que a primeira profissão deve ter sido um dos trabalhos mais básicos, como agricultura ou caça.

Embora concorde que tenham sido das primeiras profissões, a original não foi, até porque no início não havia ferramentas para agricultura nem armas para caçar.

Sugerem então que tenha sido o ensino.

Mas para ensinar é preciso aprender. É a história de quem veio primeiro, o ovo ou a galinha? Neste caso, o estudante ou o professor? Ninguém nasce ensinado, logo teria de estudar primeiro.

Mas no início não acredito que o homem tenha partido para esta actividade assim de arranque.

Temos de nos colocar na pele desse primeiro homem para perceber.

Então, o homem social nasce. Um homem qualquer, chamemo-lhe Adão, só, sem saber o que fazer.

Qual a sua primeira iniciativa? Obviamente, coça os tomates!

Assim sendo, a primeira profissão do mundo foi claramente... funcionário público!

Digo eu:

Caro Mano,

Muito me apraz que reflictas sobre estes problemas existenciais, que tanto têm ocupado a Humanidade desde que se construiu como tal!

Devo porém, reflectir sobre o que disseste colocando outras questões, paralelas, que poderão ajudar na tua busca pela profissão um.

Antes de mais, concordo com a acepção que fazes sobre a prostituição, de facto, assim é, qual dinheiro, qual troca directa, qual quê? Sarrafada na tola e lá está um naco de carne ao alto para aliviar tensões!

Quanto à agricultura ou caça, parece-me complexo pensá-la como a 1ª profissão de facto, porque, para isso, seria preciso saber o que plantar ou construir instrumentos de caça. Neste caso, a labuta inicial seria obra de um engenheiro agrónomo, de um metalúrgico ou carpinteiro, o que me parece elaborado demais para períodos tão recuados!

Quanto ao professor ou aluno... Nada a dizer, correctíssima a dissertação!

Então, pensemos, estou só, abandonado, sem ninguém para me auxiliar ou para me ensinar algo, sem um naco para me aliviar da lufa-lufa do dia-a-dia, sem instrumentos para caçar ou capacidade para plantar algo, sem dinheiro para gastar ou, que seja, sem uma cervejita, sequer, para matar o secão!

Que faço?!

Pois muito simples, dedico-me à mesma amiga que, tu crês, deu origem à primeira profissão! Porém, não a uso lânguida e pacientemente para coçar, ao invés, uso-a de forma enérgica e sábia... de forma a criar movimento e vida!

Lá está meu irmão, a primeira profissão foi pessoal e intransmissível, chamaram-lhe de friccionista, exactamente o que alguns fazem, entre baba e papelada, ainda hoje, contemplando o presuntito que deambula de mão em mão!

1.18.2006

Notícias do passado



Em 1723, uma companhia comercial foi criada, visando, principalmente, o comércio esclavagista e o contrabando de produtos trazidos por embarcações estrangeiras.

Organizada com a protecção da coroa, sob o influxo da onda das companhia que então inundava a Europa, foi chamada de Companhia do Corisco, ilha encostada à colónia espanhola de Muño, em África. De capital francês e parte da administração francesa, a companhia teve curta duração.

Até Março de 1778, Portugal continuou a contratar indigenas da costa africana, a partir da ilha de Corisco, tendo como interlocutores comerciais a França, com quem contratou a entrega de mais de 49.000 negros da Guiné; com Espanha, formalizando 13 tratados comerciais e com Inglaterra, 2 tratados.

A Companhia, destinada a arrebanhar mercadorias pelo saque e homens pelo rapto, tinha como principais colaboradores os corisquenhos, que também possuiam escravos próprios, geralmente pamues e nvikos, sendo célebre o escravo liberto raza pamue, chamado Bakele.

1.13.2006

O Perfume

O olfacto é um dom para quem o tem e uma benção para quem não o possui!

De facto, assim é. É óptimo sentirmos o olor alheio quando de bom tom, aquecido em dias frios e refrescante nas manhãs quentes!
E que dizer do senhor cavalar que, em jejum, trás consigo o esplendoroso rasto a solfamida corporal, vulgo Patchuli!? Tem, portanto, possibilidades dúbias.

Assim acontece com quem se cruza com o improvável, todos os dias!

Em plena actividade matutina senti uma fragrância que, há muito, se tinha evaporado do meu imaginário.

Menina sorridente, maior em idade e pouco mais, tem o estranho hábito de trazer agarrado a si o tristonho e enfadado tresande a naftalina. Esse cheiro esbranquiçado e roliço cuja configuração é consentânea com os gases libertados.

Motivado, por ventura, por um qualquer insuspeito baú, é o cheiro que melhor lhe assenta em humildade e simpatia, confirmada pelas rendinhas que enverga.

Não se veste bem, não se pinta, não é atraente, não tem vivacidade carnal, não cheira a vida, é uma preposição de mulher, é o que é, sem rodeios.

Assim se vive, em volta da naftalina!

1.12.2006

Em flagrante...

O espírito renascentista

O Renascimento dá início à época moderna. A sua vigência e propagação pela Europa, fundamenta-se em dois aspectos fundamentais que importa, agora, ter em consideração.

Por um lado o espírito fervoroso que caracterizou a vida medieval até então, entra em declínio. O humanismo e os valores profanos surgem, agora, ao contrário do que acontecia no passado, como valores inegáveis do intelectual moderno, motivado por um quadro geral de restauração da cultura greco-romana em ruptura com a Idade Média. Tudo o que é humano passa a ser tido em conta e, até, em certos literatos, concebido como o cerne da existência, tal como defende Pico della Mirandola em A dignidade do Homem de 1487: "nada é mais admirável do que o Homem".

Por outro lado, em contraste com o sacerdotalismo medieval, assiste-se à afirmação da supremacia do poder civil sobre as autoridades religiosas e ao fortalecimento do poder real, abrindo portas ao absolutismo que, mais tarde, será apanágio das monarquias europeias. Em Portugal, D. João II (o príncipe perfeito) encarna o reforço do poder real e o desprendimento de limites morais.

Noutro plano, mas não de menor importância, inicia-se a saga dos Descobrimentos, tarefa de cunho universal e planetário, em que os portugueses desempenham papel primordial. Com as descobertas, vêm os progressos das técnicas e da mentalidade científica: a cartografia, a ciência náutica, a astronomia, as ciências naturais e, com eles, mudanças profundas a nível cultural, económico e social.

Surge, então, o capitalismo moderno, o início do processo de globalização do comércio, com novos produtos e novos mercados, deixando de ser limitar à Europa e, por isso, requerendo outras iniciativas de âmbito nacional tendentes à protecção da manufactura interna, reforçando, desse modo, o poder centralizado.

Será esta ambiência de mudança e valorativa do Homem, que levará à reforma protestante e à resposta católica com a Contra-reforma, acontecimento que conduzirá, de novo, a civilização ocidental para o culto do divino em detrimento da relevância humana.

É um mundo em mudança que surge por volta de 1400, é uma sociedade mais distante do medievalismo rural e mais próximo do modernismo comercial. Para isso, contribuiu esta teia de factos e vontades rompendo com o passado próximo e consolidando as formulações do passado longínquo.

Como refere Cabral de Moncada, "depois da Grécia e depois do Cristianismo, nenhuma outra revolução na história do espírito europeu teve até hoje consequências tão transcendentes como o Renascimento". (Filosofia do Direito e do Estado, p. 94).
adaptado de AMARAL, Diogo Freitas do (1999).
História das Ideias Políticas.
v.I. Coimbra: Almedina, 193-195.

1.11.2006

O ressurgimento clássico, por volta de 1400

As soluções artísticas respondem sempre a uma fundamentação histórica do contexto em que surgiram. São, portanto, o resultado da conjugação de factores que justificam o aparecimento de determinada solução artística, em dado espaço.
Relativamente à génese do Renascimento, também factores sociais, económicos e políticos contribuiram para a sua (re)invenção, em Florença, por volta de 1400. Investigações com não mais de duas décadas, relatam circunstâncias especiais que propiciaram o seu aparecimento nesta cidade-estado.
Por volta de 1400, o estado florentino enfrentava uma séria ameaça à sua independência. Milão, cidade em ascensão, tenta dominar toda a Itália, tendo já subjugado as planícies da Lombardia e boa parte das cidade-estado da zona central da Toscana.
A bem sucedida resistência aos intentos do duque de Milão, na área militar, diplomática e intelectual, por parte dos florentinos, propiciaram a elevação de um espírito patriótico que será mantido pela própria populaça, proclamando-se defensora da liberdade contra a tirania do invasor.
Era uma guerra de propaganda, portanto, chefiada, em ambos os lados, por humanistas herdeiros de Petrarca e Boccaccio. O Louvor da cidade de Florença de Leonardo Bruni é disto exemplo, colocando em foco o ideal petrarquiano de um renascimento dos ideiais clássicos.
De facto, esta obra é de vital importância para compreendermos a percepção ideária da opinião pública florentina. Indaga sobre as razões da subjugação, sem custos, dos outros estados da panínsula itálica, ao invés da resistência por si protagonizada, encontrando a resposta no mérito das instituições, nas realizações culturais, na situação geográfica, no espírito do povo, até, nas raízes etruscas da sua pátria.
O orgulho patriótico e o apelo passado implícitos nesta imagem de Florença como a "Nova Atenas", terão despertado um profundo entusiasmo na cidade, lançando-a numa febre construtiva, segundo um novo ideário, de acordo com os cânones de proporção clássicos.
O concurso de 1401-02 para as Portas do Paraíso, do Baptistério, em que ideiais arcaizantes levaram, ainda, vantagem sobre as representações escultóricas individualizadas e de inspiração clássica de Ghiberti, foi o lançamento de um extenso programa de decoração escultórica prosseguido em diversas igrejas, enquanto se dava andamento aos planos para a construção da cúpula do Duomo, que será protagonizado por Brunelleschi e cuja camapnha durará mais de trinta anos, até 1436.
O entusiasmo e fervor patriótico da época, foi, portanto, o ténue motor que levou ao surgimento de uma arte representativa do espírito magnânimo, mas ordeiro, clássico, pelo que a aplicação das suas soluções dogmáticas, surgiu como natural, dentro de uma espírito civil de superioridade intelectual, cultural e, por isso mesmo, civilizacional.

In JANSON, H. W. (1992). História da Arte. 5ª ed. Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian, 391-392.

continua...

Princípios formais do Renascimento

O movimento artístico que designamos por Renascimento, nasceu na Península Itálica, em Florença, nas primeiras décadas do século XV.
De momento, iremos apenas abordar a questão dos seus princípios formais, deixando a justificação do seu aparecimento, para notícia posterior.
Este movimento, complexo e variado, estabeleceu novos princípios de representação, novos métodos de trabalho das formas e, sobretudo, tipificou formulações originais, tanto ao nível da (re)criação de cânones, quanto ao nível da proporcionalidade como medida de todas as coisas.
Tais concepções formais, provêm de duas fontes primordiais: por um lado, a reutilização, após quase um milénio de interregno, das concepções clássicas - motivado pela descoberta de vestígios arqueológicos gregos e romanos, como é exemplo conhecido o levantamento do conjunto escultórico de Laoconte -, por outro lado, inicia-se, de forma corrente, a aplicação, às artes maiores, da perspectiva, descoberta técnica cujas regras de desenho e matemáticas permitem reproduzir o aspecto real da sobreposição dos objectos no espaço.
A requalificação dos ideias gregos e romanos, viu na arquitectura, que dispunha de monumentos clássicos visíveis como fonte de inspiração, um campo privilegiado de difusão, apoiando-se em leis construtivas e decorativas estritas, reproduzindo e reavivando os conceitos clássicos.
O segundo elemento, a perspectiva, foi apenas o mais visível de uma série de descobertas artísticas revolucionárias, como a pintura a óleo, a preparação dos frescos através de cartões, a redescoberta das estátuas equestres, o achatamento dos baixos relevos, os tirantes metálicos nas abóbadas, entre outras. Quanto à perspectiva, permitia um maior realismo na representação, propiciando, novos conhecimentos científicos por parte do executante, sendo, por isso, o percursor da emancipação social e profissional do artista.
De artesão afecto a uma guilda medieval, torna-se indivíduo criador, artista com uma percepção da realidade e sua compreensão pessoal, apesar do respeito pelos cânones representativos. Porém, não demorará muito até que estes mesmos padrões comecem a ser postos em causa, em detrimento de outra realidade idegável, a construção mental do objecto que viam...
continua...

1.09.2006

Monopólios

São chatos os gajos... Vivemos pra negociar, comprar, vender, emprestar, cobrar...
Desculpe, eu só gostava de ser atendido, pensava eu...
Afinal sou mais uma vítima desse jogo... Já não conta o que se vende, o que se empresta e o que se cobra. Não... aquele gajo que espere... que aqui só conta quem joga... as ruas, as estações, as companhias hão-de existir sempre...

Mas, desculpe, excelência, eu só queria ser atendido...

que fazemos nós? revoltamo-nos? insurgimo-nos contra isto? ou alapamos o cu 3 horas à espera para pedir por favor para nos arranjarem mais do que 4 canais para entreter os putos quando os pais querem dar uma queca?

Pensamentos transviados!

Tudo é relativo. O tempo que dura um minuto depende do lado da porta do WC em que se está!

1.05.2006

Transeuntes anónimos

Todos os dias cruzamo-nos com pessoas e lugares anónimos que assim permanecem, para sempre. Outros ficam pela sua simpatia e pela partilha de algo que, para nós, ainda que insignificante, despertam sentimentos.

Este amigo é um dos que, no anonimato da multidão, nunca passa despercebido. É desavergonhado, metediço, oportunista e obcecado por bolas, mas nunca esquece os amigos, quando passa por eles, virtude difícil de se encontrar nos dias introspectivos que correm...

1.04.2006

A escrita e a leitura

Abri sem assunto definido.
O que escrever... como saciar esta vontade de ordenar palavras, fazendo algum sentido e com conteúdo!?
Bom, o assunto custa a pensar e custa ainda mais a sair, porém, a escrita é isso mesmo, a vontade de refazer outra realidade, paralela ou consentânea com o dia-a-dia. Aliás, a prosa não é mais do que isso, a mistura insana ou racional de sensações, ideias, valores ou hábitos que, no seu conjunto, e quando fomentadas da forma correcta, permitem a criação literária.
Ouvi, algures, que em Portugal não se critica o que outros escrevem, não se indica o erro. É melindroso referir a fraca qualidade de outro e ainda mais a nossa.
De facto assim é. Parte de mim e sei que outros o fazem comigo. É como se uma força estranha, mas superior, nos vedasse o acesso à avaliação real do que lemos por aí.
É como se o receio de maltratar o ego do outro passasse por ocultar o que não apreciámos, o que achamos repetitivo ou, simplesmente, o que não gostamos.
É um escudo invisível de defesa, talvez para que não façam o mesmo connosco. É o horror à avaliação, à crítica, à réplica, impedindo-nos, tantas vezes, de sermos verdadeiros, até connosco.
Assim são, também, os dedos que vão dando vida, a conta gotas, ao virtual Quiosk.

1.03.2006

Festibidades

Porque o Natal é quando um Homem quer e porque motivos para festejar há todos os dias, o virtual Quioske deseja a todos boas festas, pelo corpo todo!