8.22.2011

festa do chá!? isso é coisa de velhinhos!


A ignorância insana tem assolado a américa, focada no fantasma do socialismo, ideologia demoníaca, pomo de todos os males.

Movido por uma mediatização anti-social e por uma vontade oligárquica de mover o país para a boa velha rota, é sustentada na ignorância das massas convocadas pelos fazedores de opinião.

Reflecte um país ainda muito distante da solidariedade, um país impregnado de preconceito.

Quanto a mim, o lugar no inferno está assegurado. Quentinho e socialista vai ser uma rambóia memorável!

8.17.2011

a janela de Melinda

Melinda é um olhar que reflecte, é uma janela de si.

Não é humana, é um espelho à procura do seu reflexo, uma imagem sem modelo, uma fantasia sem forma, uma máscara que espera ser deposta.

Melinda é poesia. Mas não daquela bacoca, rimante, que resulta num tosco sopro de escrita, Melinda é poema grego, é escrita criadora do pensamento e da sublime razão.

É um rabisco singelo de mão treinada, é o minimal outrora elaborado.

Como para todos, também para Melinda a peste emocional lhe tocou, dando corda no mecanismo universal das marionetas que somos.

Liberta-te Melinda, livra-te da peste emocional, diria Reich. Deita-te Melinda, adormece e acorda, eu dar-te-ei vida, diria Chikamatsu.

Espreguiça-se Melinda do seu sono de ilusão e, nessa altura, o calafrio que percorre o corpo à procura do fio vital acorda-a, de rompante.

Num clarão vislumbra a liberdade, tropeça, cai, sorri, levanta-se, corre escada acima para o seu refúgio.

Recua Melinda, tropeça e cai outra vez, depois chora o que tens a chorar, dói, não dói?Agora levanta-te, corre escada acima, recompõe-te e volta a sair. Passa pelas mesmas escadas, poderás tropeçar outra vez. Se assim for, volta a chorar, a subir e depois a sair. A liberdade está na rua, à tua espera e sem ti não será a mesma.

Liberta-te da forma, da ideia, da convenção, da humanidade, da carapaça, do passado, da lembrança.

Liberta-te do presente, paira por entre os comuns, és energia aprisionada. És energia aprisionada...

Melinda flui, sobe as escadas e não tropeça, entra no seu antigo esconderijo e respira. O ar é menos rarefeito, a vida transborda no agora covil de predador.

Uiva agora Melinda, o luar lá fora é teu.

8.09.2011

American dream ou de ratos e homens



Voltei a "Ratos e Homens" quando ele se cruzou no meu caminho, na última prateleira de uma cinzentona biblioteca universitária.

Já o havia folheado anos antes quando, contrariado, tive de passar os olhos pelo "A Pérola". Por essa altura intrigou-me o título, menos as primeiras 2 ou 3 páginas do romance, deixando-o.

Steinbeck já se havia apresentado anos atrás com "Viagens com Charley" e com "A um Deus Desconhecido" em que me surpreendeu a espiritualidade que a sua visão da natureza comporta, menos evidente no seu companheiro Charley, mas explícito na árvore decepada de Wayne, comprovando, aos meus olhos adolescentes, a existência de uma alma colectiva desprovida de intenção.

Com "Ratos e Homens" a luz brilha em Lennie. O sonho americano é aqui retratado como ele é realmente: um sonho de vida, de futuro, de prosperidade, inúmeras vezes incumprido na realidade dura do trabalho braçal.

Mas é muito mais do que isso.

É a chusma de gente que sonha com os milhões do totoloto, é o taxista que junta para comprar uma terra na aldeia, é o varredor que espera encontrar a fortuna entre o restolho, é o advogado que almeja singrar, sou eu que sonha fazer a diferença.

"Ratos e Homens" não representa um qualquer passado longínquo ou uma realidade geográfica. Representa o homem como ele é: sonhador, e o seu resultado habitual: o fracasso.

O realismo de Steinbeck é assim, espiritual, mas muito cruel. O realismo de Steinbeck, não é dele, é da condição humana.

A não perder.