É com grande preocupação que escrevo este texto. Ao longo dos últimos anos temos vindo a perder um dos maiores icones nacionais, o tasco. Sim, aquele local de cheiro ácido, entranhado daquela imaculada imundice, em que pontas de cigarro pintavam o chão. O tasco do homem calvo, bigode farfalhudo e nariz vermelho, vestido com um avental que um dia tinha sido branco e que mostrava as marcas do seu esforço em preparar sandes de rojão. Gajos como eu, passamos a vida a ouvir falar desse local mitico onde os nossos pais e avós moldaram a sua virilidade e figado sob a força do vinho martelado. E agora, que me sinto homem suficiente para debater a politica raesense (tino um grande abraço) vejo-me vitima da gasolinização. Vá-se lá perceber estes tempos modernos que revolucionaram os hábitos e costumes portugueses. A ventoinha de pás verdes e aros de metal substituida por um ar acondicionado. As mesas quadradas que tantas cartas e dinheiro viram bater deram lugar a uma mesa alta e redonda sem o conforto das cadeiras de madeira tosca desgastada pela força do uso. O tasqueiro tirou o avental e vestiu um pólo cinza com letras laranjas.
Este lugar estranho, limpo e luminoso, remeteu o tasco português para os livros de história.
Espero com isto, que os jovens e adultos portugueses, quando se encontrarem na gasolineira mais próxima possam perceber que um dia existiu um lugar que eles podiam chamar seu.
Este lugar estranho, limpo e luminoso, remeteu o tasco português para os livros de história.
Espero com isto, que os jovens e adultos portugueses, quando se encontrarem na gasolineira mais próxima possam perceber que um dia existiu um lugar que eles podiam chamar seu.