10.18.2011

O monstro da ciência - países produtores




A ciência é, em larga medida, uma actividade em que a rivalidade com os pares está à flor da pele.

Apesar de penoso o processo produtivo e a dificuldade de reconhecimento do trabalho realizado em países da periferia, como o nosso, e apesar da dificuldade em entrar no restrito meio académico, a competição pela hegemonia científica está na ordem do dia, utilizando-se rankings científicos para avaliar a saúde científica das nações.

Utilizando uma das duas bases de dados referencial da qual resulta ranking de impacto: o Scimago Journal Rank, cedo percebemos a hegemonia americana apenas beliscada pela China, o Reino Unido, o Japão, a Alemanha e a França aos quais se segue uma longa cauda de 230 países produtores (Portugal surge num sofrível 34.º lugar).

Os números parecem claros. Apesar disso há que analisar a tendência geral de evolução da produção científica por países para percebermos para onde caminhamos.

Tomando por medida o número de documentos publicados (citáveis e não citáveis - comentários, erratas, etc.), fizemos um exercício simplista de análise da dinâmica de evolução da produção de documentos dos dois principais produtores mundiais: o EUA e a China.

Assim, se os EUA tiveram uma média de crescimento do número de artigos científicos de 0,22% ao ano, a China apresenta uma média de crescimento de 1,11%/ano, mais do que quintuplicando o crescimento científico relativamente à congénere, representado, os últimos 4 anos (2007-2010) 56,5% do total de registos publicados em detrimento de 31,9% do total de registos publicados pelos EUA.

Este tem sido uma das discussões recorrentes (scientometricamente falando), especulando-se ou encontrando-se evidência sobre quando poderá a China quebrar a hegemonia americana. A voz do barulho diz que a próxima década ditará o fim do domínio americano (também na produção científica), mas o proteccionismo científico (auto-citação), o contexto editorial e os incentivos à publicação (para além de outros factores menos claros) são variantes do mercado aos quais a produção nacional irá responder, tornando difícil um prognóstico.

Certo é o fim do domínio americano na produção científica, incerto o quando e quem o propiciará, se os países do BRIC a forçar a queda, se a Europa que parece ainda ter uma palavra a dizer nesta guerra científica sem quartel, entre nações.