9.29.2011

o monstro da ciência


É sabido que a ciência não está no topo da agenda das preocupações individuais (ou colectivas na nossa república das bananas) do comum dos mortais. Ainda que tenha dado origem à maior parte dos conhecimentos, aplicativos, produtos, meios e vontades que nos rodeiam, não reflectimos com frequência sobre o seu papel no nosso mundo.

Na verdade foi-se passando a palavra que ela revestia-se de uma inteligibilidade complexa, dando-se motivos obscuros, idealistas ou fantasiosos para a sua produção.

Talvez por isso o mecanismo mental que despoleta os sentidos tenha aplicado, à ideia de ciência, uma carga negativa (ou pelo menos pesada) que impedirá tantos de tentar perceber os processos básicos de produção científica, não os conteúdos, apenas os motivos da sua produção, dos formatos de disseminação ou das batalhas de gigantes que a impelem a evoluir.

Todos nós nos lembramos dos calhamaços intragáveis que nos faziam marrar nos melhores dias de verão e talvez por isso tenhamos desenvolvido uma aversão natural a esses infindáveis glossários de fórmulas, de palavras, de frases intrincadas, só acessíveis a alguns e que nos têm afastado do verdadeiro formato e sentido em que é produzida a ciência.

Muitos se têm dedicado ao tema mas poucos terão prestado atenção ao que esses seres estranhos têm dito, criando um ruído difícil de transpor e tornando os seus produtores atores secundários num limbo entre a criação impar de valor e a desvalorização coletiva do seu trabalho.

O monstro da ciência passará a ser um conjunto de ideias próprias que partilharei sobre os formatos, motivos e tendências da ciência atual, desmistificando-a aos meus próprios olhos.

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