4.09.2012

percebologia ou a boa arte de opinar

De percebologia, percebemos todos!

Veio-me há uns dias à memória, quando passava os olhos pela entrevista à Secretária de Estado do Turismo na revista Marketeer de março.

O eriçamento das minhas barbas trintãs atingiu o clímax na leitura do seu vasto currículo, reflectindo um político de profissão que vive na sombra do seu partido.

Não que o seu passado (e presente) seja definidor de uma veia profissional incapaz, mas por reflectir um contexto pouco dirigido e em que o que vale são os meandros retóricos partidários em que se navega e não as qualificações específicas para o cargo que se exerce.

Percebóloga, terá uma ideia preconcebida da área, mandará umas postas mais ou menos acertadas e muitas outras à água.

Mas, não somos todos percebólogos de profissão? É que todos opinamos sobre qualquer assunto como se o estudássemos a fundo, quer seja sobre bola, sobre política, sobre o que devia ser feito para o bem do país, enfim, sobre TUDO, baseado no que o outro disse, tornando-o nosso.

Os exemplos são imensos, desde os paineleiros de programas televisivos que encontram a verdade num qualquer trejeito de uma figura pública, passando pelo mister que tudo sabe sobre a equipa adversária, até ao bebedor de café que debita o que acabou de ler nas gordas de um qualquer pasquim.

Sem dúvida que todos têm direito à opinião, mas como dizia o uncle Ben: "with a great power comes a great responsibility".

De facto, acho que o direito à opinião é um poder pessoal grande demais para ser desperdiçado em bocas do barulho pouco esclarecidas e deveria haver um interesse pessoal mais generalizado em cada um cumprir o seu dever de se esclarecer antes de opinar.

É que isso de saber de tudo e sair verborreia, isso de se gerir o que não se conhece ou de negar a incapacidade para saber tudo sobre tudo, em suma, isso de ser percebólogo da treta, irrita-me comó caraças!

Mas isso é para mim que percebo das coisas.

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