1.10.2013

um deus passeando pela brisa da tarde

Ainda com a nostalgia que os bons livros nos deixam, mal os terminamos e, por isso, com a história à flor da pele, não posso deixar em claro a agilidade com que foi escrito e a clareza do enredo, fundamentado nos primórdios do paleocristianismo no contexto da lusitânia romanizada de finais de ocupação.
É um livro delicioso que justifica a quantidades de reedições já impressas (tenho notícia de pelo menos 12).
Ladeado entre os ritos da vida privada e o direito romano, descreve magistralmente o quotidiano e a estratificação social clássica, deixando antever os primeiros passos de uma seita que, séculos depois, se tornará dominante.
Romance histórico muito bem escrito em estilo autobiográfico (do dúunviro Lúcio Valério). A aparente desilusão de, na abertura, referir que "nunca existiu", dificulta a leitura dos primeiros parágrafos, que logo é secundada pela impressionante articulação das várias componentes da história.
Mário de Carvalho mostra como, a partir de uma boa fundamentação do contexto e com escrita clara e liminar, pode ser tão gratificante a leitura.
Uma composição da editora Caminho que, como já me havia habituado, não prima pela excelência do design, mas pela qualidade da escolha editorial.

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