3.17.2005

Estranho mundo o do futebol!

Após um dia proveitoso em plena capital, nada como um bom joguinho de futebol para relaxar!

Num estádio confortável e quentinho, para o frio que estava lá por fora, tinham que me calhar um bêbado, um charolo, um fedorento e, imagine-se, outro bêbado!

À minha esquerda, nada a declarar [iam comigo e, como provavelmente vão ler este post, é melhor não desdenhar!], companhia fabulástica, não fossem as trombas do rapaz que nos ofereceu o bilhete, quando, aos 73 m 13 s da segunda parte, o Penafiel marca mais um e eu não me contenho, desfaço-me em risos infantis provocando um mal-estar generalizado...

De um lado aconselhavam-me bom senso, uma vez que o bêbado, o charolo, o fedorento que já estava bêbado e o outro bêbado começavam a babar de raiva [insisti que era do excesso de cerveja, mas os outros não acreditaram...]!

À frente, rezavam para que continuasse, à espera que uma galheta vinda da direita me serenasse os ânimos e me fizesse engolir o prognóstico de 0-1 para o Penafiel!

Do outro lado... bom, do outro lado acho que não havia nenhuma opinião formada sobre... nada... a avaliar pelos comentários variados: - Anda filho da puta! Corre filho da puta! Chuta filho da puta! Defende filho da puta! Fooooda-se, pó caralho do bimbo!
Apenas começavam a achar que seria interessante descarregar alguma da frustração que o 0-2 propiciava...

Bom mas o caso é que, estando eu num habitat estranho, como se do Microcosmos se tratasse, eu era, de facto, o elemento parasitário!

O bêbado, o tóino... antes... os bêbados, estavam siderados com os impropérios que lançavam a uma e outra equipa, ao árbitro e até uns aos outros!
Mais contente ficou um ao avisar-me " – Vou dar uma mijinha!"... Considerei-me realizado, alto grau de satisfação na pirâmide de Maslow, finalmente sou feliz! [Porque raio de carga de água há-de alguém querer partilhar algo do género com outra? Achará isso um sinal de magnificência!?].
Seguravam um cartaz que, a avaliar pelas palavras do verde narigudo, fazia lembrar os bons velhos tempos do jardim infantil, em que rabiscávamos algo indescritível.... Como não o consegui ler, apesar de estar a 15 cm do dito papel, acredito na sua palavra.

La compañera, deliciada por estar num estádio do adversário, como se de uma clandestina se tratasse, vibrava em silêncio com a desgraça dos caseiros, febril rival do clube do curaçonhe!

O verde narigudo, feliz por arranjar bilhetes "à borla", via o jogo em silêncio com uma dor tão profunda que extravasava o seu olhar ao ver o inevitável...

À frente, o doador de órgãos, chorava os bilhetes oferecidos, pois, para além de "gajos da província", não eram do sistema... imagine-se... nem do Benfica eram! Ainda por cima, o baixinho gordo não parava de rir!!!

Eu... vibrante e efusivo como sempre, mantive-me calado, taciturno e com bico de pato até ao segundo golo. Aí, tive de sorrir... estava a saborear a desgraça dos outros... afinal, também sou humano!

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