4.04.2006

Espaços duplicados

O ser e a sua imagem reflectida não são o mesmo, são ambíguos e díspares, impossíveis de se igualarem.

Quando visionada, a imagem vive da aparência, da falácia, da vontade de espelhar desejos e não realidades. Porém, visionada pelo frio clarão, tudo se simplifica, máscaras caem, deixando ver rugas, tristezas, lágrimas, sorrisos, verdades. O espelho tem esse dom, o de purificar imagens.

Contudo, a veracidade não nos preenche completamente. Por isso, transfigurou-se o reflexo para que deixasse de contar histórias e passasse a viver das estórias mal amanhadas que a tentação conta mas que a certeza desmente.

Por sua vez o reflector fidedigno, ameaçado pelos constantes upgrades reflexivos, começa a transmitir visões incongruentes, ora pintando cabelos brancos, ora alteando bustos, ora torneando pernas.

A simetria do encanto não é, por isso, validada pela imagem, esvai-se à medida que a ondulação circular vai definhando o reflexo, deixando vislumbrar a realidade.

Valdrada não é, portanto, nem espaço, nem singular, é antes o ser e o seu reflexo.


3 comentários:

CS disse...

Portanto, o melhor é tapar os espelhos, né? Se bem percebi...

Su disse...

O melhor é sorrirmos sempre que olhamos ao espelho...Mas nunca quando acordamos cedo porque isso é impossível!

kiko disse...

Pandora: Sim é o tal vidro com cartão do outro lado para impedir que se veja o tal país das maravilhas! Beijooooosssss

Maria Pedro: Bem o melhor é mantê-los... não vá haver alguma remela a mais! :D:D bj

Su: A minha melhor cara é a de quando acordo, dizem, mas também não acredito!! :D bj