9.13.2005

Azinhoso em Festa... Burros e tudo!

Fonte: Feira dos Burros de Azinhoso
Tema: Dona Inês a desancar na burra teimosa, em plena gincana
Data: 11.09.2005


Nas entranhas de Trás-os-Montes, a Feira dos Burros, no Azinhoso, freguesia do concelho de Mogadouro, ocorreu no passado dia 11 de Setembro.

Renascida o ano passado com o intuito de reavivar a alegria daquela gente e de incentivar à preservação do burro do planalto Mirandês, baseia-se numa disputa a galope, antes, a passo, por entre um percurso ziguezagueante. A gincana, feita por novos e velhos, e em que as mulheres só entram por carolice, pretende escolher o melhor entre os melhores, ou seja, aquele que é mais teimoso que o asinino que monta!

A feira aqui existente, anual, franca portanto, será uma daquelas que, em meados do século XIII, Afonso III fundou, em contraponto com as feiras semanais. Aqui, as transacções eram isentas de impostos. Duravam de 8 a 15 dias e aconteciam nas terras mais populosas, ricas ou com melhores acessibilidades.

O objectivo era a compra e venda de produtos e, para os transportar, o burro era personagem principal, já que era ele que puxava carroças ou, em albardas, carregava os produtos, mais para troca directa do que para venda com metal.

As feiras foram-se, as pessoas migraram, a terra desertificou-se e os burros deixaram de ser necessários.

Como resultado, as festas ficaram para as calendas gregas, até que a memória se encarregou de fazer os mais velhos perderem-na de vista. Ficam as histórias de tempos longínquos, a ideia de que algo animava, outrora a aldeia, sem se saber bem como, nem onde, nem porquê...

Os invernos rigorosos e os verões abrasadores sucedem-se, e às velhas histórias acrescenta-se um ponto... e outro... e mais outro. A verdade, escamoteada por entre lendas fabulosas, transforma-se em mito, em meias verdades, antes, em imaginários sustentados no que, um dia, à muitos anos, foi uma sombra com corpo...

Todo o passado, esquecido, carcomido e bolorento, perde razão, até que um qualquer encontre um notícia de um facto acontecido e o relacione com a lenda, reconstruindo a verdade. Foi o que aconteceu no Azinhoso.

A vontade, de ferro, e a necessidade de preservar o riso, a festa, o convívio e o burro mirandês, recria um episódio de outrora, esquecido à muitos anos, ali, e em muitos outros locais do país profundo.

O povo, envelhecido e taciturno, exala, de novo, o bafo da vida, mostrando, neste grito derradeiro de existência, a sua autoridade, a sua raça... a raça do Homem em extinção!

8 comentários:

Anónimo disse...

A raça do burro é que não parece estar nada em extinção!

Sukie disse...

Eu adoro burros. Um amigo meu tem um casalinho de burros: são super simpáticos, meigos, pacíficos, divertidos. Nunca pensei que um burro respondesse a uma carícia humana como o faz um cão. Isto é, quando lhes fazemos festas, eles encostam a cabecita como os cães e parecem exprimir um sorriso de satisfação. Eu acho um belo animal de estimação para se ter no quintal. Precisa é um pouco mais de espaço que os bichos de estimação mais comuns (cães e gatos). Um dia ainda hei-de ter um burriquito ;)

Poor disse...

isso deve ter sido um fartote!:)
texto bom (para não variar!)
conta mas é o que TU andaste para lá a fazer...:)

Hugo Brito disse...

Ó pá, montaste o burro ou não? :D

(êta, texto bãooooo)

armando s. sousa disse...

Interessante!
Apesar de aparentemente parecer mentir, os burros portugueses estão em extinção.
Quando olho em volta, parece mentir.
Um abraço

Freddy disse...

Canecos, parece mas é o desporto nacional do Afeganistão q deu no outro dia no Rambo III...

Abraço da Zona Franca

kiko disse...

voudaquiparaali: Quem pode... pode!! :D Bj

Galecius: Nada, estão por aí, em qualquer esquina! Abraço

Moonj_rita: Ficas a adorar o raio do animal, quando convives com ele... se bem que outros, ainda mais asininos, se queria distância! :D:D Bj

Amie: A ver, fotografar e a deliciar-me com as maravilhas gastronómicas da região! :D Bj

Hugo: Oh pá, não! Êta frase arretada de boa!!! :D:D Abraço

Armando: É mentira sim senhora!!! Eles andem aí!!! :D Abraço

Freddy: Parecido, só não há a pele de cabra... e a velocidade é muito menor, claro!! Abraço

noasfalto disse...

Apesar de lhes chamarmos burros o burro é um animal muito inteligente. E paciente. E teimoso.
São muito dóceis e, na minha perspectiva, bonitos.

Por isso quando vos chamarem de burros interpretem como um elogio.

O renascimento da festa dos burros é louvável. Como sempre só temos a aprender com os mais velhos.