11.29.2005

Saudoso tasco

É com grande preocupação que escrevo este texto. Ao longo dos últimos anos temos vindo a perder um dos maiores icones nacionais, o tasco. Sim, aquele local de cheiro ácido, entranhado daquela imaculada imundice, em que pontas de cigarro pintavam o chão. O tasco do homem calvo, bigode farfalhudo e nariz vermelho, vestido com um avental que um dia tinha sido branco e que mostrava as marcas do seu esforço em preparar sandes de rojão. Gajos como eu, passamos a vida a ouvir falar desse local mitico onde os nossos pais e avós moldaram a sua virilidade e figado sob a força do vinho martelado. E agora, que me sinto homem suficiente para debater a politica raesense (tino um grande abraço) vejo-me vitima da gasolinização. Vá-se lá perceber estes tempos modernos que revolucionaram os hábitos e costumes portugueses. A ventoinha de pás verdes e aros de metal substituida por um ar acondicionado. As mesas quadradas que tantas cartas e dinheiro viram bater deram lugar a uma mesa alta e redonda sem o conforto das cadeiras de madeira tosca desgastada pela força do uso. O tasqueiro tirou o avental e vestiu um pólo cinza com letras laranjas.
Este lugar estranho, limpo e luminoso, remeteu o tasco português para os livros de história.
Espero com isto, que os jovens e adultos portugueses, quando se encontrarem na gasolineira mais próxima possam perceber que um dia existiu um lugar que eles podiam chamar seu.

9 comentários:

Bill disse...

E não há nada como passarmos por uma logo de manhã sem termos tomado o pequeno almoço e sentirmos o aroma do óleo frito da bifana... Até parece que o pâncreas arrebita!

PR disse...

tens sempre a cantina.

Pedro Estácio disse...

Viva o courato e a sandes de presunto... tudo regado por um copinho de maduro tinto!!

Boa semana,
Abrç,
Pedro Estácio

Unknown disse...

Ainda conheço e frequento alguns...não há nada melhor que um bagaço ás 7 da manhã para despertar o corpo para mais um dia de trabalho...ou o "leitinho" (não há melhor para curar ressacas, depois dou a receita)das 11 da manhã até ao almoço, para abrir o apetite.

Abraço

Sukie disse...

olha que ainda há tascos como antigamente!

noasfalto disse...

Perdeu a piada não é?
Mas como a mulher também saiu de casa para ir trabalhar...
Abraço

kiko disse...

:D:D Essa instituição anda pelas ruas da amargura, mas que dizer da brilhantina do sr. Adriano, da bata aos quadradinhos da D. Carminho e dos fios de ouro do Manel!? Também são parte da identidade mental dos portugueses, não se estivesse lá muito bem! Abraço!

Hugo Brito disse...

Não te queixes porque tu e eu ainda vamos ao tasco :)

Poor disse...

razão, D. Hugo!encontramo-nos no tasco!:)